“Desde o início da guerra, registamos mais de 4.000 crimes militares, crimes de guerra”, salientou Iryna Venediktova, em entrevista ao canal francês BFM TV.

Iryna Venediktova acrescentou que as situações ocorridas nas cidades de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, e de Bucha, perto de Kiev, ainda não foram verificadas.

Mas assegurou que está a trabalhar para documentar os factos e apresentar as provas primeiro perante os tribunais ucranianos e depois perante o Tribunal Penal Internacional.

“Trabalhamos para que todos os responsáveis ??sejam levados à justiça, a começar pelas pessoas que desencadearam esta guerra, que a incentivaram, que criaram as condições para que ela acontecesse, que invadiram o país e que deram ordens precisas para matar civis”, garantiu.

Habitações, hospitais e infraestruturas civis da Ucrânia estão a ser “sistematicamente bombardeadas”, alertou a procuradora, num momento em que a comunidade internacional tem reagido à denúncia das autoridades ucranianas da existência de mais de 400 cadáveres nas ruas de Bucha, a oeste de Kiev, no seguimento da ocupação pelas forças russas.

Os homicídios foram também denunciados pela organização de direitos humanos Human Rights Watch num comunicado publicado este domingo, no qual detalha casos de execuções de civis, ameaças, violações e saques cometidos presumivelmente por soldados russos.

Imagens nas televisões e jornais de dezenas de corpos em valas comuns ou espalhados pelas ruas dos arredores da capital ucraniana, no fim de semana, na sequência da retirada russa, estão a chocar os países ocidentais.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo a Rússia de cometer “genocídio” na Ucrânia, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter denunciado o que descreveu como “massacre deliberado”.

A União Europeia, Espanha, Polónia, Alemanha, Reino Unido, França, Japão, Canadá e Estados Unidos, entre outros, condenaram publicamente e defenderam novas sanções à Rússia.

A Rússia negou hoje “categoricamente” as acusações de “massacre” e “genocídio” relacionadas com descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Bucha, nos arredores de Kiev, e anunciou uma “avaliação judicial da provocação” ucraniana.

Já os Estados Unidos revelaram hoje que vão tentar obter a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU, à luz de “evidências crescentes” de que as suas forças estão a cometer “crimes de guerra” na Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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