“Não há falta de qualidade neste polo, para estarem a desviar os doentes daqui para os HUC! Os doentes se já esperavam muito nos Covões, ao serem desviados todos para os HUC vão esperar ainda mais para serem atendidos”, apontou o médico Amílcar Lima Silva, que representa profissionais de saúde do Hospital dos Covões.

Mais de 40 profissionais de saúde do Hospital Geral (também conhecido por Hospital dos Covões, situado na margem esquerda do rio Mondego), assinaram uma carta que fizeram chegar, esta tarde, à administração do hospital, onde manifestam a sua indignação perante a centralização da urgência noturna nos HUC.

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra apresentou, na quinta-feira, o plano de contingência para a resposta sazonal em saúde na época estival, que começou no dia 15 e se prolonga até 30 de setembro.

Nessa ocasião, a ULS Coimbra anunciou que vai aumentar as equipas durante o verão com a contratação de cerca de 70 profissionais, entre enfermeiros e assistentes operacionais, apostando sobretudo no “reforço da escala e das equipas de urgência de adultos, pediatria e obstetrícia”.

Outra das medidas para este verão é "a centralização da urgência noturna nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), com a suspensão da admissão de doentes entre as 20:00 e as 08:00 no Hospital Geral”.

Para o médico internista Amílcar Lima Silva, com esta medida “quem perde e fica pior são os doentes”, “não tendo lógica nenhuma que venham dizer que é para melhorar o acesso”.

“Esta é uma decisão contra a corrente! É uma fuga para a frente com medidas que não dão resultado”, sustentou.

No seu entender, o problema da espera “resolve-se com a organização dos serviços de urgência”.

“A urgência geral é um saco onde os doentes esperam. Os hospitais deviam ter a noção que os doentes devem ser distribuídos pelas especialidades, não criando apenas o saco da urgência geral”, concretizou.

Também o PCP de Coimbra considerou hoje que o plano de contingência para o Verão adota medidas que são mais paliativos do que respostas aos problemas de acesso à saúde na região de Coimbra.

Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa, o PCP de Coimbra refere que a escolha destas medidas “não esconde o caminho de desinvestimento e desestruturação da saúde e do SNS perpetuado pelos governos PS, PSD-CDS, agora com o apoio da Iniciativa Liberal e do Chega”.

Para o PCP de Coimbra, a suspensão da admissão de doentes num contexto em que se verifica também a falta de profissionais de saúde nos serviços, “cria uma falsa manutenção dos serviços que se encontram já saturados, devido ao encerramento de serviços de saúde das áreas subjacentes aos HUC, podendo obrigar e condicionar a que os doentes se dirijam a serviços de saúde privados”.

Segundo o PCP, a resposta a este problema não passa pela contratação de médicos tarefeiros ou da prestação de serviços, “mas antes sim pela contratação de médicos especialistas, enfermeiros especialistas, técnicos auxiliares de saúde e outros profissionais, pela valorização das suas carreiras, como forma de fixação de meios e profissionais”.