“Não estamos completamente mortos, ainda podemos acordar. Mas estamos numa situação muito complicada”, disse Joana Saraiva, audiodescritora e atriz, à agência Lusa. “Estamos muito cansados e estamos a dizer as mesmas coisas há muito tempo”.
O protesto, em forma de velório, começou às 10:00 e estender-se-á até às 17:00, em várias cidades do continente e ilhas.
Em Lisboa, ao fundo da escadaria da Assembleia da República, foi colocado um caixão branco, com uma coroa de flores e uma faixa onde se lê “Aqui jazem profissionais da Cultura, Artes e Eventos”.
Junto ao caixão, vestidos de preto, estiveram, no começo deste protesto, seis profissionais da Cultura, que fazem parte do grupo informal Vigília Cultura e Artes, surgido já em contexto de pandemia.
O velório simbólico é por “todos aqueles que foram deixados ao abandono durante o último ano, todos aqueles que desistiram. Houve muita gente que neste ano teve de fazer muita coisa. Alguns deles nem sequer voltarão [às artes]”, disse Joana Saraiva.
A atriz e professora de teatro conta que também ela recorreu aos apoios sociais extraordinários, em janeiro, e ainda está a aguardar resposta.
“São apoios à sobrevivência. Não estamos a pedir subsídios. Estamos a pedir um apoio à sobrevivência, extraordinário, para um tempo extraordinário. Temos carreira contributiva e nos momentos em que somos impedidos de trabalhar, seria expectável que houvesse um apoio universal e não cheio de cláusulas de exclusão que deixa de fora a maioria das pessoas”, lamentou.
Das medidas políticas pensadas a longo prazo, que já deveriam estar em marcha, Joana Saraiva citou o estatuto do profissional e o mapeamento do setor.
“O mapeamento do setor é vital, porque é muito complexo, muito precário e muito pouco regulamentado. Estamos muito cansados e estamos a dizer as mesmas coisas há muito tempo”, afirmou.
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