Cindy McCain, que visitou a passagem fronteiriça em Rafah, Egito, constatou que “embora tenha havido um aumento constante de ajuda a entrar em Gaza, não é suficiente para satisfazer as necessidades exponencialmente crescentes”.
Numa nota de imprensa do programa da organização da ONU com sede em Roma, Itália, a diretora defendeu que, “neste momento, os pais em Gaza não sabem se conseguem alimentar os seus filhos hoje e se sobreviverão para os ver amanhã”.
“O sofrimento a poucos metros de distância é incompreensível deste lado da fronteira. Hoje faço um apelo urgente pelos milhões de pessoas cujas vidas estão a ser destruídas por esta crise”, exortou.
A diretora do programa valorizou “todos os esforços [do Egito] para facilitar um fluxo constante de fornecimento humanitário através da sua fronteira com Gaza” assim como o trabalho da organização Crescente Vermelho.
Mas, acrescentou, “é necessário continuar a trabalhar juntos para conseguir um acesso seguro e protegido a Gaza a uma escala alinhada com as condições catastróficas que as famílias ali enfrentam”.
“A crise em Gaza não é só uma tragédia local, é uma crua lembrança de que a nossa crise alimentar global está a piorar. Esta crise não só ameaça a paz e a estabilidade regionais, como também mina os nossos esforços coletivos para combater a fome em todo o mundo”, considerou Cindy McCain.
O Programa Alimentar Mundial está a aumentar esforços para, nas próximas semanas, chegar urgentemente com alimentos a mais de um milhão de pessoas. Até agora mais de 650.000 pessoas em Gaza e na Cisjordânia receberam assistência alimentar, desde o início do conflito, em 7 de outubro.
Esta organização distribui diariamente pão fresco, barras de tâmaras e comida enlatada a famílias nos refúgios da ONU e ainda cestas de alimentos às famílias deslocadas nas comunidades anfitriãs.
O programa também continua a transferir dinheiro para quem possa comprar alimentos disponíveis em lojas que ainda estão abertas.
A 07 de outubro, o Hamas efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.
Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele enclave palestiniano pobre, desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.
Em 27 de outubro, Israel iniciou uma incursão terrestre que já avançou até à Cidade de Gaza, a principal cidade da Faixa de Gaza.
Desde o início da escalada e invocando preocupações de segurança, Israel ordenou a retirada dos civis que viviam no norte do estreito enclave para o sul, deslocando cerca de 1,5 milhões de habitantes de Gaza – mais de metade da população total – num contexto de grave escassez de combustível.
No entanto, as forças israelitas continuaram a bombardear a parte sul da Faixa, onde as condições de vida dos habitantes de Gaza são cada vez mais críticas devido à sobrelotação, ao colapso dos hospitais e à escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Por seu lado, o Hamas e outras milícias palestinianas continuaram a disparar foguetes contra Israel, fazendo soar as sirenes mesmo em Telavive e Jerusalém, embora a maioria dos projéteis seja intercetada pelos sistemas de defesa aérea.
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