O projeto teve um investimento de 629 mil euros, com um financiamento de 504 mil euros da Fundação “la Caixa”.
O, presidente do AquaValor - Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia da Água e da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, disse hoje à agência Lusa que o Alto Tâmega e Barroso quer ser conhecido como um “território de água e bem-estar”, realçando que as qualidades terapêuticas da sua água termal ainda não estão a ser “devidamente valorizadas”.
O projeto Aquae Vitae explorou as potencialidades da utilização das águas minerais naturais nas áreas da saúde e bem-estar, indústria cosmética e gastronomia.
A diretora executiva do AquaValor, Maria José Alves, explicou que foi feita a caracterização do hidrogenoma de diferentes águas minerais como a água termal de Chaves, Vimioso, Gerês e de Monfortinho, bem como as suas bioatividades (anti-inflamatória, antimicrobiana, antioxidante).
Estes estudos proporcionaram um maior conhecimento dos benefícios das águas minerais naturais, abrindo caminho para a sua aplicação prática em tratamentos de saúde e de bem-estar.
Com base nas propriedades das águas termais, o Aquae Vitae estendeu-se à criação de produtos cosméticos, através da conjugação da água termal com incorporação de compostos bioativos de base natural resultantes de recursos endógenos e/ou resíduos agroindustriais, como, por exemplo, o mirtilo.
Maria José Alves concretizou que foram desenvolvidos cinco cremes de base termal e, na área alimentar, criados uma bebida isotónica, infusões, pão e massas.
“Aquilo que nós fizemos foi uma avaliação da composição nutricional desses alimentos para percebermos se havia enriquecimento ou não desses alimentos e há. Alguns deles ganham, principalmente, sais minerais”, acrescentou.
Foi ainda desenvolvido um portfólio gastronómico, com receitas de produtos biológicos e confecionadas com água termal, que vai ser apresentada, na segunda-feira, pelos chefes Justa Nobre, Renato Cunha, Rui Mota e Vítor Cunha.
No âmbito do projeto, foi ainda feita uma avaliação da sustentabilidade dos recursos hidrominerais e geotérmicos locais.
Em Chaves, já se utiliza o calor das águas termais para aquecer edifícios públicos e privados, uma rede de geotermia que está a ser ampliada no âmbito de um projeto-piloto que pretende, também, ajudar a reduzir a fatura energética.
“O projeto é um ponto de partida para, agora, aperfeiçoarmos alguns destes resultados, melhorar, tirar dúvidas, investigar mais”, referiu a investigadora.
A iniciativa foi liderada por um consórcio constituído pelo AquaValor, o Centro de Investigação de Montanha (CIMO), o Centro de Investigação em Digitalização e Robótica Inteligente (CeDRI) a Universidade da Beira Interior (UBI), a Terra, Ambiente e Recursos Hídricos (TARH) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
O encontro realiza-se no Centro de Formação Agrícola Alves Teixeira onde, segundo Fernando Queiroga, se pretende criar um Centro de Competências de Bioprodutos.
A candidatura para a concretização do projeto não foi aprovada e, por isso, os autarcas da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT), querem insistir e sensibilizar, para o efeito, o secretário de Estado da Agricultura, que estará presente no fórum.
“Queremos recuperar esta quinta para lhe dar uma nova vida e fazer experiências de produtos biológicos”, realçou o autarca, explicando que se quer “que os produtores tenham mais rentabilidade e criar escala para entrar nas cadeias comerciais”.
A CIMAT aderiu à rede internacional de Bio Regiões em 2018, para valorizar os produtos biológicos nos concelhos de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.
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