A consagração da terça-feira de Carnaval como feriado obrigatório - para a qual é necessária uma alteração ao Código de Trabalho - foi hoje discutida em plenário da Assembleia da República, com apresentação de dois projetos de lei pelo PEV e pelo PAN.
No entanto, para que possa decorrer o período de discussão pública, ambos os partidos apresentaram um requerimento - aprovado por unanimidade - para que os projetos de lei baixassem à comissão parlamentar competente por 45 dias.
Durante o debate dos projetos de lei, o deputado dos Verdes, José Luís Ferreira, justificou a necessidade de voltar a trazer este tema ao parlamento uma vez que o dia de Carnaval é já "assimilado como sendo um feriado", dando o exemplo do calendário escolar e da operação da GNR que é sempre montada neste período festivo.
O Carnaval ser "um fator de dinamização económica importante em muitos municípios" é outro dos motivos, segundo o PEV, pelo qual deveria ser feriado.
Os Verdes pretendem ainda "evitar situações como as que se viveram durante o Governo PSD/CDS", em que não foi dada tolerância de ponto.
Já o deputado único do PAN, André Silva, justificou o regresso a esta proposta pela necessidade de reforçar o "tempo passado em família e pelos impactos positivos paras as economias locais".
"Nesta sociedade cada vez mais abundante em bens e serviços o que mais escasseia é o que mais precisamos: de tempo para viver", acrescentou o PAN.
Rita Rato, pela bancada do PCP, considerou que "há todas as condições para conseguir aprovar neste momento" a terça-feira de Carnaval como feriado obrigatório, não havendo "uma única razão para não aprovar" estes projetos.
"Que PSD e CDS nos digam que não estão de acordo, nós até entendemos. Da parte do PS, não acompanhar esta proposta, nós consideramos que é profundamente negativo", condenou a comunista.
Rita Rato considerou ainda que o PS, no período de 45 dias em que baixam estes projetos à comissão, "ganha tempo" e pode escolher "se quer votar ao lado de PSD e CDS ou se quer votar a favor de uma medida progressista".
Anteriormente, na intervenção pela bancada socialista, José Rui Cruz afirmou que "nem este projeto é novo nem é nova a posição do PS", recordando que o "Estado tem optado por conceder uma tolerância de ponto", fórmula que "tem permitido que a celebração do carnaval se realize".
Pelo CDS-PP, António Carlos Monteiro, defendeu que "o Carnaval sempre se festejou dentro do atual quadro legal", que na opinião dos centristas é "claramente suficiente".
"Este quadro não necessita de alteração neste momento. É tempo de os portugueses terem alguma estabilidade na sua vida", acrescentou.
Na resposta, o deputado do BE José Soeiro afirmou que "seria verdade" que o modelo atual é suficiente "se não tivesse havido um governo do PSD e CDS-PP que não permitiu que os portugueses gozassem este feriado", quando não concedeu tolerância de ponto.
"Nós, no BE, só vemos vantagem em clarificar que a terça-feira de Carnaval é feriado", sustentou, considerando que se trata de previsibilidade e de estabilidade.
Pela bancada social-democrata, Joana Barata Lopes voltou à ideia de que nenhum dos partidos no parlamento "teve mais votos do que o PSD" e dirigiu-se diretamente a Rita Rato e José Soeiro para questionar comunistas e bloquistas sobre se o feriado obrigatório de Carnaval "é ou não uma linha vermelha" para o apoio destes partidos ao governo socialista.
José Soeiro aproveitou o tempo disponível para deixar uma pergunta ao PSD: "Se a direita ganhou as eleições porque é que não é Governo? Há uma maioria do país que não votou em vocês".
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