
Segundo António Gomes, coordenador da PJ de Braga, até ao momento já foram identificadas oito vítimas, ascendendo o prejuízo a mais de 1,6 milhões de euros.
“Mas o número de lesados pode atingir os 80”, referiu o responsável, em conferência de imprensa, aludindo à consequente “multiplicação” dos prejuízos.
A PJ anunciou hoje ter detido quatro pessoas na quarta-feira no distrito de Viana do Castelo por suspeitas de autoria de crimes de burla qualificada, associação criminosa, falsificação de documentos e abuso de confiança.
Em comunicado, a PJ adiantou que os quatro detidos, com idades entre os 37 e os 55 anos, desenvolveram durante anos, na zona do distrito de Viana do Castelo, “atividade de promoção bancária, a coberto da qual terão praticado os crimes”.
Segundo uma outra fonte ligada ao processo, um dos arguidos é o presidente da Junta de Freguesia da Ribeira, concelho de Ponte de Lima, e outro preside à direção da Associação Empresarial de Ponte de Lima.
António Gomes escusou-se, no entanto, a confirmar estes cargos, sublinhando que não foi no exercício deles que os arguidos agiram e que, como tal, isso não é relevante para a investigação.
Os arguidos atuavam no distrito de Viana do Castelo e angariavam clientes para o Deutsche Bank.
Prometiam-lhes investimentos seguros e de risco baixo ou nulo, com juros “muito elevados”, mas acabavam por investir o dinheiro em produtos financeiros de “elevadíssimo risco”.
Muitas vezes recebiam dos clientes “dinheiro vivo”, apesar de, como promotores bancários, estarem proibidos de o fazerem.
As vítimas eram, por norma, idosos e pessoas de baixa escolaridade, incluindo iletrados.
Os arguidos emitiam documentos com os logotipos do banco, em que faziam constar que o dinheiro estava investido no que havia sido acordado com os clientes.
A atividade criminosa decorreria desde 2008, mas, entretanto, alguns lesados apresentaram queixa no Ministério Público, originando uma investigação pela PJ que começou há oito meses.
Os arguidos foram detidos na quarta-feira, na sequência de 13 buscas e no cumprimento de mandados de detenção emitidos pelo Ministério Público de Viana do Castelo.
Nas buscas, foram apreendidas seis viaturas de gama alta, dinheiro e prova documental e digital.
Com idades compreendidas entre os 37 e os 55 anos, os arguidos são suspeitos de burla qualificada, associação criminosa, falsificação de documentos e abuso de confiança.
Vão hoje ser apresentados no Tribunal Judicial de Viana do Castelo, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das respetivas medidas de coação.
A PJ prossegue, entretanto, com a investigação, nomeadamente para identificar o destino dado pelos arguidos ao dinheiro.
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