“Estivemos em Belém uma hora e um quarto com o Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa], que nos ouviu atentamente, percebeu as nossas dificuldades e assumiu o compromisso de falar com o Governo sobre estas questões”, adiantou à Lusa a responsável da Associação Espetáculo, Rafaela Ribas.
Uma nova reunião, para daqui a duas semanas, ficou novamente agendada com o chefe de Estado para ser feito “o ponto da situação”, acrescentou.
Rafaela Ribas apontou ainda a “resposta foi quase imediata” por parte do Presidente da República, após o pedido de reunião com caráter de urgência, lamentando que o mesmo não tenha sido conseguido “após o pedido de reunião” ao primeiro-ministro, António Costa.
As associações de festivais e espetáculos destacam como dificuldades a obrigatoriedade de realização de testes à covid-19 e a “indefinição do que é necessário para realizar eventos” e esperam que no próximo Conselho de Ministros estas regras sejam revistas.
“Esta imposição foi-nos colocada sem que se saibam os resultados dos eventos-piloto e sem que se saiba de qualquer tipo de surto em eventos. Estamos a ficar com as regras agravadas embora os nossos resultados tenham sido sempre ótimos em todos os eventos que aconteceram no último ano”, salientou.
A responsável da Associação Espetáculo vincou que a ‘luta’ tem como objetivo “tentar trabalhar” e apelou ao fim de “dificuldades infundadas e discriminatórias face a outros setores”.
Também Álvaro Covões, da Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE), explicou à Lusa que foram transmitidas na reunião com o Presidente da República "as preocupações de um setor que há 16 meses tem a larga maioria dos profissionais e empresas sem um dia de trabalho”.
“Face à situação que estamos a viver, criou-se uma ilusão que a cultura trabalha porque há alguns espetáculos em sala, mas é uma ínfima parte”, salientou.
Álvaro Covões referiu ainda que a obrigatoriedade de testagem “é discriminatória” ao não ser aplicada em outros setores e “inibidor para quem vai a um espetáculo”.
Além da Associação Espetáculo e a APEFE, marcaram presença na reunião com o Presidente da República o responsável da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE), Pedro Magalhães, e da Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest), Ricardo Bramão.
Na semana passada foi conhecida a norma da Direção Geral da Saúde (DGS), que especifica o número de participantes em eventos familiares, culturais e desportivos, a partir dos quais devem ser realizados testes de diagnóstico à covid-19, sendo em eventos familiares com mais de 10 pessoas, e em eventos culturais e desportivos, com mais de mil espectadores, em ambiente aberto, "ou superior a 500, em ambiente fechado”.
A Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos vai manifestar-se em 30 de junho, em Lisboa, devido às “medidas inexplicáveis” do Governo para o setor, nomeadamente a obrigatoriedade de realização de testes à covid-19 nos eventos culturais.
O festival Paredes de Coura, que deveria acontecer em agosto naquela localidade, foi adiado para 2022, devido a “todas as incertezas e constantes alterações nos procedimentos do regresso dos espetáculos ao vivo”, anunciou hoje a organização.
Por causa das restrições para limitar a propagação da covid-19, pela situação pandémica noutros países, pelos diferenciados ritmos de vacinação e pela falta de clarificação das regras de realização deste tipo de eventos, este ano foram já adiados vários festivais de música, entre os quais o ID No Limits e o CoolJazz (ambos em Cascais), o Alive (Oeiras), o Rock in Rio Lisboa, o Super Bock Super Rock (Sesimbra), o Bons Sons (Tomar), o Primavera Sound (Porto), o Boom Festival (Idanha-a-Nova), o Barroselas Metalfest, o Músicas do Mundo de Sines, o Gouveia Art Rock, o Rolling Loud (Portimão), o Summer Fest (Ericeira, Mafra), o Amplifest (Porto), o Lisb-ON (Lisboa) e o Vilar de Mouros (Caminha).
Até agora, continuam ainda marcados vários festivais, nomeadamente o festival Sudoeste (Odemira), em agosto.
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