Segundo adiantou à agência Lusa António Eloy, coordenador do Obervatório Ibérico de Energia, tratou-se de um "protesto maciço" que juntou não só as pessoas das pequenas localidades da região, mas também cinco presidentes de municípios espanhóis, incluindo de Villa Nueva Del Fresno.

Do lado português estiveram presentes autarcas de Barrancos e Reguengos, assim como outras pessoas preocupadas com os efeitos da mineração do urânio, nomeadamente os custos ambientais e sociais, referiu.

De acordo com o Observatório Ibérico de Energia, o urânio destrói as suas áreas de mineração, por "lixiviados para recuperar o seu concentrado", que são altamente radioativos e vão para os lençóis freáticos e cursos de água, e por o seu movimento libertar gases radioativos, designadamente o radão, que se espalham junto à superfície e contaminam solos, gado e populações.

Além do mais, o sistema de transporte do urânio é altamente perigoso, adverte aquele Observatório coordenado por António Eloy.

"O urânio deve ficar onde está, debaixo da terra, isolado e sujeito a controlo", defende o Observatório Ibérico de Energia.

Durante o protesto, que passou por casas onde nas janelas se lia "Não à mina, sim à vida", foi anunciado que os dirigentes da Plataforma "Dehesa Sin Uránio" vão ser ouvidos na Comissão Parlamentar de Ambiente, em 17 de julho, onde terão também a oportunidade de apresentar um dossiê sobre aquela problemática ambiental.

Em declarações à Lusa, António Eloy, que foi um dos oradores no protesto, salientou que, além do problema da mineração do urânio, há que ter em conta o impacto psicológico que uma exploração do género terá para as populações, cada vez mais receosas dos efeitos negativos de tal atividade.

Os efeitos negativos no turismo da região, na agricultura, pecuária e na própria vida social das populações foram outros alertas deixados por António Eloy.

No passado dia 13, deputados do Bloco de Esquerda questionaram o Governo sobre o processo de licenciamento por Espanha de uma mina de urânio a poucos quilómetros de Portugal, querendo saber se foi informado e o que fará.

A pergunta do grupo parlamentar foi dirigida ao Ministério do Ambiente e da Transição Energética e relaciona-se com um processo de reabertura de uma mina na herdade de Cabra Alta, na província de Badajoz, entre as localidades de Zahinos e Vila Nueva del Fresno.

O BE quis saber se o Governo espanhol informou as autoridades portuguesas sobre o processo de licenciamento e que diligências tomou ou tomará o executivo português junto das autoridades espanholas, para que Portugal seja “devidamente informado e envolvido” no processo de licenciamento em curso, tendo em conta “o potencial impacto transfronteiriço”.

Na pergunta ao Governo, a que a Lusa teve acesso, os deputados aproveitam para lembrar que Portugal desativou todas as explorações de urânio, cuja mineração “deixou um rasto de consequências graves para a saúde dos mineiros e das populações dessas regiões”, além de “um elevado passivo ambiental ainda não resolvido, com processos de descontaminação morosos e de custos avultados”.

Segundo o BE, até 2017 tinham sido tratadas apenas 56% das minas e gastos 49 milhões de euros nesse processo.

Em relação a Espanha, a atitude das autoridades desse país, nos processos de licenciamento de iniciativas com possibilidade de impactes transfronteiriços, tem sido o de reter informação e de procurar não envolver as autoridades portuguesas, considera o Bloco.

É o que parece estar a acontecer com o processo de licenciamento de uma exploração de urânio a 25 quilómetros da fronteira portuguesa, sobre o rio Alcarache, afluente do rio Guadiana, próximo dos municípios de Mourão e Barrancos, acrescenta o partido.

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