Manifestantes gritaram “Já chega” e “Bárbaros” no interior de uma igreja da cidade de Poznan (oeste da Polónia), segundo um vídeo divulgado nas redes sociais, uma cena que se repetiu através do país, profundamente católico.
Os contestatários reagiam à decisão de quinta-feira do Tribunal Constitucional polaco de proibir a IVG em caso de malformação do feto, por considerar que é “incompatível” com a Constituição.
O acórdão, desejado pelo partido nacionalista e católico no poder, Lei e Justiça (PiS), restringe o direito ao aborto aos casos de risco de morte para a mulher e gravidez resultante de violação ou incesto.
No exterior de uma conhecida igreja no centro de Varsóvia ocorreu uma escaramuça entre manifestantes, com cartazes que diziam “Desapareçam” e “Gostaria de abortar do meu governo”, a polícia e defensores da interdição do aborto.
Jornais também divulgaram fotografias de ‘graffiti’ nas paredes de igrejas em várias cidades, onde se lia “O inferno das mulheres”, o principal ‘slogan’ dos manifestantes.
Milhares de pessoas, maioritariamente mulheres, voltaram a concentrar-se hoje nas cidades de Gdansk, Cracóvia, Lodz e Rzeszow, assim como em dezenas de outras localidades tradicionalmente mais conservadoras em toda a Polónia, num desafio às medidas de distanciamento decretadas para combater a propagação do novo coronavírus.
O principal argumento dos que se opõem ao acórdão do tribunal é que a proibição põe em risco a vida das mulheres ao forçá-las a levar a termo gestações inviáveis. Os defensores dizem que ela evitará o aborto de fetos com a síndrome de Down (trissomia 21).
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2019 foram realizados na Polónia (com quase 38 milhões de habitantes) 1.110 abortos legais, dos quais a maioria (1.077, ou seja, 96%) devido a malformação do feto.
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