Esta posição de Carlos César foi transmitida em reação ao discurso de Rui Rio no 38º Congresso Nacional do PSD, em Viana do Castelo.
Tendo ao seu lado o secretário-geral adjunto dos socialistas, José Luís Carneiro, e o presidente da Federação de Viana do Castelo do PS, Miguel Alves, Carlos César considerou que "este congresso do PSD é um pouco mais do mesmo".
"O líder do PSD acabou de fazer um discurso que retirou do congelador, dizendo tudo aquilo que podia ter dito em 2015. Acresce que, naquilo que foi inovador, atingiu em algumas fases o delírio. É absolutamente delirante dizer que temos em Portugal um Governo marcado pela ideologia comunista", apontou o ex-líder parlamentar do PS.
Carlos César afirmou depois que o discurso de Rui Rio foi também caracterizado por transmitir "inverdades sucessivas, designadamente ao dizer que este Governo partilha de uma situação em que o investimento e as exportações não crescem".
"Não, as exportações e o investimento estão a crescer", contrapôs o ex-presidente do Governo Regional dos Açores.
Segundo a análise do presidente do PS, Rui Rio, no seu discurso de encerramento, "esteve bem na parte em que não foi original, como a das alterações climáticas e das medidas a tomar - medidas que constam do programa eleitoral do PS".
"Esteve bem também quando falou na necessidade de reformar a justiça, área em que, no âmbito do Ministério da Justiça, foi constituído um grupo de trabalho que o PSD criticou. Mas esteve mal quando disse que o consumo não pode ser um fator de desenvolvimento económico", referiu.
Neste ponto, Carlos César observou que o PS não defende que o crescimento económico se baseie apenas no consumo, mas apontou uma contradição aos sociais-democratas, alegando, para o efeito, que o PSD, no processo na especialidade do Orçamento do Estado para 2020, avançou recentemente com uma proposta para reduzir o IVA para os consumidores domésticos de eletricidade de 23 para 6%.
"É estranho que o PSD venha agora a criticar a possibilidade de o consumo aumentar", completou o presidente dos socialistas.
Perante os jornalistas, Carlos César considerou depois "lamentável que se acabe um congresso do PSD sem uma única proposta concreta".
"Desafios os senhores jornalistas a encontrarem uma proposta nova que tenha constado do discurso de hoje do presidente do PSD. Temos pena que o PSD esteja a andar para trás em vez de acompanhar a renovação que está a ser empreendida pelo Governo", afirmou.
De acordo com o presidente do PS, o "grande problema" do PSD perante os eleitores, "é justamente o facto de não ser um partido confiável para uma estratégia reformista, nem ser um partido responsável".
"E não se diga que é por problemas de divergências entre a direção do PSD e a direção do Grupo Parlamentar do PSD, tal como se argumentava num passado ainda recente. Essa estratégia errática, essa perversão do ponto de vista de objetivos e essa contradição de objetivos estiveram bem presentes quando o PSD tentou fazer uma aprovação relativa aos professores ou quando destrói investimento na área do metro", apontou.
Carlos César disse ainda que o PSD esteve mesmo "ao lado do Chega e do Bloco de Esquerda no caso do IVA da eletricidade".
"O problema de hoje é que o PSD não é um partido previsível e não é um partido responsável. Creio que o PSD terá de fazer um grande caminho de credibilização, porque se trata de um partido importante para que algumas reformas tenham sucesso em Portugal", sustentou.
No plano político, Carlos César, no entanto, procurou salientar que "o PS e o PSD são referências na vida política portuguesa nestes últimos 50 anos".
"O PS, grande partido do centro esquerda, tem procurado mobilizar as forças políticas à sua esquerda e tem desenvolvimento uma linha de moderação da esquerda. O PSD, que embora se reclame do centro, é o cabeça de série da direita em Portugal, porque é com os partidos de direita que entende constituir Governo. Diz mesmo que considera que só com eles pode fazer Governo", acrescentou.
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