No final do curto debate na Assembleia da República, duas pessoas integrados em grupos - presumivelmente de antigos combatentes – protestaram audivelmente em lados opostos das galerias, sendo depois retirados pela polícia, como sempre acontece nestes casos.

“É uma crueldade contra o 25 de Abril. Tenham coragem”, reclamou um dos manifestantes.

A petição e a recomendação do BE pedem ao Governo a reafetação do Hospital Militar Principal e do Hospital Militar de Belém como hospitais de retaguarda no apoio social e clínico aos militares e ex-militares das Forças Armadas.

Estas duas unidades estão sem utilização desde 2013, quando foi criado o polo de Lisboa do Hospital das Forças Armadas, que está instalado no espaço físico do antigo hospital da Força Aérea, em Lisboa, agregando as valências e serviços dos hospitais de Belém, da Estrela e do hospital da Marinha.

“É uma vergonha e é um escândalo que, enquanto milhares de beneficiários estão à espera, equipamentos e materiais de excelência estejam encerrados”, criticou o deputado do BE João Vasconcelos, considerando que, com esta fusão, os militares perderam “mais de 400 camas”.

O PS, pelo deputado Miguel Coelho, justificou a recusa em acompanhar a recomendação do BE pelo facto de estarem já concretizados negócios relativos a estes dois hospitais, o Hospital Militar Principal (Estrela) vendido à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), em 2015, e o de Belém cedido à Cruz Vermelha.

“É muito mais fácil destruir do que depois repor (…). No atual quadro de recursos humanos e financeiros, não é possível ir mais longe”, lamentou, adiantando, contudo, que em ambos os casos haverá disponibilidade das entidades gestoras para fazer protocolos com o Ministério da Defesa.

Rui Silva, pelo PSD, considerou que “a reafetação dos hospitais se justifica”, acusando o atual Governo de, “com a sua política de cativações”, estar a “estrangular financeiramente” o novo hospital, sendo essa a razão pela qual não está a cumprir com a missão para que tinha sido desenhado.

“O que aqui está em causa não é colocar infraestruturas desaproveitadas ao serviço dos militares portugueses, com o que estamos de acordo, o que está em causa é a prática deste Governo, que, com a sua política de cativações, degrada os serviços públicos”, afirmou.

Também o deputado do CDS-PP João Rebelo afirmou que o seu partido não votará contra a recomendação do Governo, por entender ser necessária criar uma solução para os problemas levantados pelos peticionários, embora admitindo que a resolução do BE “não é fazível” devido aos compromissos já assumidos.

Pelo PCP, o deputado Jorge Machado classificou a fusão dos hospitais militares como “um desastre que é preciso reverter”, falando numa “negociata” feita entre o então ministro da Defesa Aguiar-Branco e o antigo provedor da SCML Pedro Santana Lopes, numa altura em que eram ambos do mesmo partido, o PSD.