Só uma atitude de "condução política em contramão no percurso da inovação social e económica pode justificar que o PSD esteja hoje já em fase de admitir poder vir a negociar com Chega. O que, a acontecer, significaria uma rutura do PSD com a sua cultura social-democrata", acusa o secretário-geral adjunto do PS, numa nota divulgada no final de uma visita ao mercado municipal de Leiria e futuro centro de incubação de empresas.
"Caso Rui Rio opte pela experiência de condução em contramão corre sério risco de colisão com a sua base eleitoral social-democrata", acrescenta José Luís Carneiro.
Na quinta-feira, o presidente do PSD admitiu conversações com o Chega com vista a entendimentos eleitorais apenas se o partido evoluir “para uma posição mais moderada”, dizendo descartar essa possibilidade se esta força política “continuar numa linha de demagogia e populismo”.
“Não depende do PSD, depende do Chega. Se o Chega evoluir de uma tal maneira que - embora seja um partido marcadamente de direita, em muitos casos de extrema-direita, muito longe de nós que estamos ao centro -, se o Chega evoluir para uma posição mais moderada, eu penso que as coisas se podem entender”, afirmou Rui Rio, em entrevista à RTP3.
Posteriormente, em comunicado, o líder do Chega, André Ventura, respondeu ao presidente do PSD afirmando que só aceita conversações com os sociais-democratas se Rui Rio fizer oposição “à séria” e deixar de ser “a dama de honor do Governo socialista”.
Na nota do PS divulgada hoje, José Luís Carneiro acusa ainda o PSD de ter um “comportamento retrógrado”, que contrasta com a “visão empreendedora” dos socialistas e do Governo, considerando que os sociais-democratas têm chegado “atrasados e a más horas ao encontro com os ventos da História”.
Numa alusão às críticas do líder do PSD à estratégia do Governo para o hidrogénio, José Luís Carneiro acrescenta que, num momento em que o Portugal "está na dianteira do grupo dos países que apostam no hidrogénio para efeitos de descarbonização, num projeto essencialmente financiado por fundos comunitários”, os sociais-democratas voltam a chegar “tarde, a más horas e em contramão com o progresso".
No debate do Estado da Nação, em 24 de julho, Rui Rio classificou o investimento na produção de hidrogénio como “projeto extremamente perigoso”, considerando que o país não tem “condições para aventuras nem para ideias megalómanas”.
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