Nas declarações que acompanham a votação do relatório final da segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), a que a Lusa teve acesso, os dois partidos com mais deputados no parlamento trocaram acusações.
Para o PSD, o PS “procurou diluir responsabilidades ou, mesmo, branquear certas práticas incorretas” nas suas propostas de alteração ao relatório.
O grupo parlamentar social-democrata afirma que, “ao contrário do Partido Socialista (…), o PSD não pretendeu alterar a estrutura do relatório, nem o desvirtuar, mas tão somente, pôr preto no branco ‘verdades'” que “devem ser explicitadas”.
O PSD lamenta ainda que “o ponto relativo à gestão danosa tenha dividido a comissão, com um empate na votação que teve como consequência a sua rejeição”.
Já o PS diz que as propostas de alteração do PSD “procuraram apenas alijar as suas próprias responsabilidades e afirmar a tese, sem suporte factual, de que só os governos dos outros são responsáveis”.
“Nas conclusões que votou e nas propostas que apresentou, o PS assume as responsabilidades dos governos socialistas, dos administradores por estes nomeados e do supervisor presidido por um seu militante [Vítor Constâncio, ex-governador do Banco de Portugal e ex-líder socialista] nos factos apurados, na medida em que foram efetivamente apurados pela comissão de inquérito”, pode ler-se na declaração de voto socialista.
Por este motivo, afirmam os socialistas, “ninguém pode duvidar” do “comprometimento com a exposição da verdade” por parte do PS.
Os deputados aprovaram por unanimidade o relatório da comissão às 21:20 de quarta-feira, depois de quase oito horas de debate e votações, incluindo duas horas à porta fechada.
Esta foi a primeira comissão parlamentar à banca em que o relatório final foi aprovado por unanimidade.
As principais conclusões da II Comissão de Inquérito à Recapitalização e Gestão da CGD cerram fileiras contra o Banco de Portugal, que falhou na supervisão, criticam a gestão do banco, que não foi sã nem prudente, a administração de Santos Ferreira, a falta de atenção de sucessivas tutelas e a responsabilidade política do Governo de José Sócrates no “período mais crítico de 2005-2008″.
Referem ainda que, na comissão, entre os depoentes, houve um grupo de poder que se encobriu, usando estratagemas como concertação de narrativas e falta de memória para encobrir más práticas de crédito.
O relatório final vai ser discutido esta sexta-feira a partir das 09:00 na Assembleia da República, tendo cada grupo parlamentar cinco minutos para intervir em plenário.
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