“A avaliação que fazemos dos primeiros tempos do executivo dos Novos Tempos [PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança] é muito preocupante: em muitas matérias falta visão, falta estratégia para a implementar e faltam políticas”, afirmou o deputado municipal do PS Miguel Belo Marques, após a prestação de contas à assembleia municipal do trabalho desenvolvido pela Câmara de Lisboa.

O socialista destacou como exemplo do “estado de desorientação” a decisão sobre manter a ciclovia da avenida Almirante Reis, quando o compromisso assumido pela coligação Novos Tempos durante a campanha eleitoral foi de que esta via ciclável seria para acabar, considerando que “foi uma promessa populista, porque revela que não tinha efetuado estudos, que não tinha soluções, que foi imprevidente, que por certo desmereceu o voto de muitos daqueles que lhe confiaram o seu”.

Relativamente à decisão sobre ciclovia da Almirante Reis, que também mereceu críticas do BE, do Livre e do PAN, inclusive por a proposta não ter sido apresentada à assembleia municipal, Carlos Moedas disse que ao contrário das opções do anterior executivo sob a presidência de Fernando Medina a solução encontrada resultou da auscultação de moradores, comerciantes e utilizadores da ciclovia.

“Chegámos à conclusão que o pior que estava a acontecer era realmente o engarrafamento para sair da cidade e que era preciso retirar metade da ciclovia e foi essa a decisão que foi tomada com as pessoas, sem fricção, com aqueles que precisam e têm o direito de ter a sua ciclovia, porque nós sim gostamos de ciclovias, mas também os outros precisam dessas faixas para sair de Lisboa e não estarem em engarrafamentos”, declarou o presidente da câmara.

A longo prazo a solução é “ter uma avenida que tenha espaço para as duas faixas para os carros, mas que tenha também espaço para a ciclovia, uma avenida que seja digna, que seja uma avenida como a Avenida da Liberdade como a Avenida da República”, expôs o autarca do PSD, ressalvando que antes das promessas eleitorais “está sempre ouvir as pessoas”, para conseguir tomar “uma decisão que não seja de fricção social”.

Sobre o Conselho de Cidadãos, Carlos Moedas indicou que “os lisboetas aderiram em força a esta iniciativa, que conta com mais de 2.000 inscrições”, revelando que a primeira edição será nos dias 14 e 15 de maio, sendo “selecionados aleatoriamente 50 cidadãos que representarão a população de Lisboa em idade, nível de escolaridade, género, situação profissional e freguesia”.

Para o grupo municipal do PS, o Conselho de Cidadãos terá como consequência “desvalorizar e tirar legitimidade a um órgão igualmente eleito de forma democrática, como é o caso da Assembleia Municipal de Lisboa”.

“O PS não tem absolutamente nada contra assembleias de cidadãos, temos é a favor de uma assembleia eleita pelos cidadãos, que é esta. É esta Assembleia Municipal de Lisboa que deve ser valorizada”, reforçou o deputado Miguel Belo Marques, considerando que a liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, está a seguir “um caminho perigoso”.

Em resposta, Carlos Moedas defendeu que “perigoso é não ouvir as pessoas”, referindo que na assembleia municipal não é se consegue ouvir todos os cidadãos, pelo que são necessárias “novas maneiras de ouvir as pessoas”.