Na ordem de trabalhos da reunião, marcada para as 16:00 em Barcelos (Braga), está a aprovação das contas do partido e, num segundo ponto, a “análise dos resultados das eleições legislativas e da situação política e decisão sobre processo eleitoral para os órgãos nacionais do partido”.
No início de fevereiro, alguns dias depois da derrota eleitoral do PSD, Rui Rio confirmou que irá deixar a presidência do partido - cargo que ocupa desde janeiro de 2018 - e remeteu para o Conselho Nacional a tarefa de definir o ‘timing’, embora manifestando disponibilidade para se manter até ao início de julho.
Fonte da direção confirmou à Lusa que a Comissão Política Nacional (CPN) não irá levar qualquer proposta de calendário de diretas ou Congresso a Barcelos e defendeu que nem sequer poderá ser votada no sábado uma data, uma vez que tal não está incluído na ordem de trabalhos.
Ou seja, a marcação do calendário eleitoral interno, ainda que vá ser debatida no sábado, exigirá sempre um novo Conselho Nacional para votar os regulamentos das diretas e Congresso, cuja elaboração é da responsabilidade da CPN.
Caso os conselheiros concordem com o ‘timing’ que foi apontado pelo presidente, e que passaria por realizar diretas na primeira quinzena de junho e Congresso duas a três semanas depois, só seria necessário reunir o Conselho Nacional novamente em abril.
No entanto, a mesma fonte admite que se o ‘tom’ dominante da reunião de Barcelos for que Rui Rio deverá sair mais cedo, a direção pode convocar novo Conselho Nacional em dez dias, precisando as diretas de ser marcadas com pelo menos de 45 dias de antecedência para se cumprirem todos os procedimentos.
Presidentes e representantes da maioria das distritais do PSD reuniram-se na quinta-feira à noite em Leiria e do encontro saiu, por enquanto, apenas o apelo a um consenso entre a direção e estas estruturas na definição de um calendário interno, mas deverão levar uma recomendação mais concreta ao Conselho Nacional.
“Não propusemos datas. O presidente do partido já disse qual era o ‘timing’ dele, que seria até ao final de junho. Nós temos de marcar datas em função do que o nosso presidente acha por bem para ele próprio e para o partido”, afirmou o presidente da distrital de Viana do Castelo, Olegário Gonçalves, que funcionou como porta-voz da reunião.
Ou seja, a intenção é ouvir o que Rio tem a dizer sobre o tema e recomendar que o partido defina o seu calendário interno rapidamente num novo Conselho Nacional, já que a marcação das diretas é, habitualmente, o pontapé de saída para o anúncio de candidaturas.
Por enquanto, ainda não há nenhum candidato assumido, com o ex-líder parlamentar Luís Montenegro a ser o nome mais referido, quer por apoiantes próximos como Hugo Soares - que disse que o antigo desafiador de Rio em 2020 “estaria a fazer uma reflexão pessoal” -, quer até pelo vice-presidente do PSD Salvador Malheiro, que o classificou como um dos que reúne “melhores condições” para vir a presidir ao PSD.
Luís Montenegro não integra o Conselho Nacional (apesar de ter apoiado a terceira lista mais votada, com 13 conselheiros), ao contrário de Miguel Pinto Luz, que encabeçou a segunda lista mais votada, e que irá a Barcelos.
Contactado pela Lusa, o antigo candidato à liderança em 2020 (obteve cerca de 9,5% na primeira volta, contra Montenegro e Rio) não quis antecipar o que dirá, em primeira mão, aos conselheiros nacionais.
O eurodeputado Paulo Rangel, outro nome também na lista de possíveis candidatos, depois de ter disputado a liderança em novembro com Rui Rio e perdido por cerca de 1.700 votos, não irá a Barcelos, já que vai integrar numa missão da presidência do Partido Popular Europeu na Ucrânia e Lituânia.
Nos últimos dias, o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, disse estar a ponderar uma candidatura, e dirigentes como Carlos Carreiras e o Ângelo Pereira lançaram, respetivamente, os nomes de Marques Mendes e Carlos Moedas.
Na reunião, deverá também ser formalizada uma proposta de um Congresso extraordinário antes das diretas por parte do líder da distrital de Faro, Cristóvão Norte, ideia também defendida logo após as eleições pelo deputado e antigo líder da JSD Pedro Rodrigues, que já prometeu questionar Rui Rio sobre quando pretende formalizar a demissão do partido.
De acordo com os resultados provisórios das legislativas de 30 de janeiro, o PSD conseguiu cerca de 29% dos votos e 78 deputados (a confirmar-se um eleito pela Europa quando for repetida a eleição), menos um do que os 79 eleitos em 2019 e a mais de 13 pontos percentuais do PS, que obteve a segunda maioria absoluta da sua história.
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