No final do debate de atualidade pedido pelo CDS-PP e pelo PSD sobre o "alegado furto no paiol de Tancos", o social-democrata Costa Neves disse que irá continuar a suscitar as questões em sede de comissão parlamentar e, "se for necessário", no plenário da Assembleia da República.
"As críticas ao ministro da Defesa surgiram também do lado do PCP, do BE e do PEV, com o comunista Jorge Machado e o bloquista João Vasconcelos a exigirem que a culpa “não morra solteira”.
"Nós saímos daqui como saímos das audições que promovemos na comissão", criticou.
Na abertura do debate, o deputado social-democrata Sérgio Azevedo identificou vários pontos que continuam sem resposta, nomeadamente "perceber se houve de facto um furto no paiol de Tancos", o que aconteceu nas 24 horas seguintes", e disse que o objetivo do debate não é "agastar nem o Governo, nem o ministro da Defesa" e sim "a favor de uma tutela competente" numa área de soberania.
Pelo CDS-PP, o deputado João Rebelo reiterou o pedido de demissão de Azeredo Lopes, apontando a "inadequação ao cargo" e o "isolamento político" do governante.
"Saia, senhor ministro, não espere pelas eleições ou pela próxima remodelação, saia pelo seu próprio pé", atirou João Rebelo, classificando como "irresponsáveis" as declarações de Azeredo Lopes em entrevista ao DN e à TSF, admitindo, numa alusão à falta de provas, que "no limite, pode não ter havido furto".
Presente no debate, com os secretários de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, e dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, Azeredo Lopes optou na sua intervenção por não se referir àquelas afirmações, que suscitaram dúvidas também ao PCP, ao BE e ao PEV.
Intervindo quase no fim do debate, o deputado do PS José Miguel Medeiros assumiu a defesa do ministro Azeredo Lopes, declarando que "o PS, como os portugueses, confia na capacidade do Governo e do ministro da Defesa para conduzir este assunto, com o sentido de responsabilidade e a serenidade que se exigem".
José Miguel Medeiros criticou o PSD e o CDS-PP pela "excitação" e "frenesim político-partidário sem precedentes em torno das questões de Defesa Nacional".
Criticando o CDS-PP e o PSD por promoverem o debate em plenário e não na comissão parlamentar, o deputado do PCP Jorge Machado considerou que "não deixa de ser bastante infeliz" a opção de assumir "o papel de comentador" e em "dar entrevistas sem antes esclarecer o parlamento".
"Não deixa de ser absurdo que, depois de vários esclarecimentos" prestados pelo primeiro-ministro, pelo Presidente da República, pelo Chefe do Estado-Maior do Exército e pelo general Pina Monteiro, o "ministro venha agora em entrevista colocar como hipótese a possibilidade de se tratar de um problema de abate, um problema de inventário".
Independentemente das investigações criminais em curso, disse, "a culpa não pode morrer solteira" a nível interno e "as responsabilidades políticas de quem tutela, a responsabilidade de quem manda nos mais altos níveis nas Forças Armadas deve ser imputada/e ou assumida".
Jorge Machado deixou claro que "deixar que estes escândalos continuem impunes e sem que os responsáveis sejam responsabilizados é um duro golpe na credibilidade das Forças Armadas que não tem nem terá o apoio do PCP".
Do lado do BE, o deputado João Vasconcelos admitiu que ficou "deveras surpreendido" pelas afirmações polémicas de Azeredo Lopes e defendeu que é "imperioso apurar as responsabilidades até ao fim, doa a quem doer", advertindo que o BE "não aceita que a culpa morra solteira mais uma vez na instituição militar".
Apesar das críticas ao governante, também pela "falta de informação ao parlamento", João Vasconcelos acusou PSD e CDS-PP de fazerem "chicana política" em torno de acontecimentos como os incêndios de Pedrógão Grande e do furto de material militar de Tancos.
Heloísa Apolónia, do PEV, considerou também que a "história acaba por ser confusa" quando o ministro admite "que no limite pode não ter havido furto nenhum".
Comentários