Em declarações à Lusa, Miguel Morgado - que ponderou candidatar-se nas últimas diretas, mas não reuniu os apoios necessários - classificou a vitória de Rio “indiscutível, embora renhida”.
“Depois deste resultado, uma vez mais não haverá grande espaço nem pretexto para movimentos que imediatamente se coloquem a contradizer publicamente as opções de Rui Rio nesta primeira fase, mas o PSD é um partido democrático e não deixará de o ser”, frisou.
O antigo assessor político de Passos Coelho, que foi muito crítico da direção de Rui Rio, avisa que se o líder reeleito “continuar a insistir nos erros que tem vindo a cometer nos últimos dois anos, na sua teimosia, nas abordagens estratégicas clamorosamente erradas, sofrerá críticas como qualquer líder do PSD sofreu no passado”.
“Isso não é drama nenhum, como não foi em 2018, não vale a pena reescrever a história”, afirmou, considerando que, depois da sua primeira eleição, Rui Rio “teve toda a paz interna que quis pelo menos durante os primeiros seis meses”.
Por isso, frisou, não se sente inibido - “nem ninguém se deve sentir” - de vir a expressar críticas a Rio que entenda justificadas no futuro.
“Não me sinto minimamente inibido no exercício da minha liberdade de expressão e de pensamento. Também acho que, uma vitória tão renhida como esta, ainda por cima num universo eleitoral tão estreito como foi este, as listas ao Conselho Nacional devem expressar as diferenças, as divergências”, afirmou, salientando que “historicamente sempre foi assim” no PSD.
Pela sua parte, irá manter-se como militante de base, tendo recusado integrar qualquer lista de delegados ao Congresso, e não apresentará qualquer moção temática.
“Rui Rio personifica, como tenho dito, uma estratégia que é praticamente oposta àquela que eu propus. A sua vitória é indiscutível, não posso querer impor ao partido no Congresso as minhas ideias, que seriam executadas por alguém que representa a direção contrária”, justificou.
Morgado defende que deve haver “contributos de militantes para acrescentar” à estratégia de Rui Rio, mas não para apresentar ideias que estão “nos antípodas do que defende” e insiste na diversidade no órgão máximo entre Congressos.
“Não faço ideia quais são os planos dos meus outros companheiros de partido como Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, mas acho que deve haver outras listas que não a de Rui Rio ao Conselho Nacional”, reiterou.
O atual presidente do PSD, Rui Rio, venceu no sábado a segunda volta das eleições diretas com cerca de 53% dos votos, derrotando o antigo líder parlamentar Luís Montenegro, que reclamou representar perto de 47% dos votos dos militantes sociais-democratas.
Na primeira volta, Rio foi o mais votado com 49,02%, mas falhou a maioria absoluta. Luís Montenegro conseguiu 41,42% e vice-presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto Luz obteve 9,55%, ficando de fora da segunda volta.
O 38.º Congresso do PSD, de consagração do novo presidente e de eleição dos restantes órgãos do partido, realiza-se entre 07 e 09 de fevereiro, em Viana do Castelo.
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