Notícia atualizada às 00h50 de sexta-feira, 15 de outubro
“Não podemos ser mais o partido da espera, da espera em cair de maduro. Temos de ser o partido da esperança”, afirmou, de acordo com relatos de conselheiros nacionais presentes na reunião à porta fechada.
“Que o dia 4 de dezembro represente a fecundação do partido que seja capaz de criar esperança”, afirmou, dizendo que muito brevemente apresentará publicamente a candidatura.
As eleições diretas do PSD foram hoje marcadas para 04 de dezembro e o Congresso vai realizar-se entre 14 e 16 de janeiro, em Lisboa.
Na sua intervenção, segundo relatos feitos à Lusa, Paulo Rangel defendeu que o partido tem de ter “um projeto agregador” e que não diabolize pessoas dentro do partido e assumiu uma divergência estratégica com o líder.
“Não acredito num PSD cuja função seja estar sentado no sofá à espera que o Governo de Costa caia de maduro”, afirmou, numa passagem muito aplaudida pelos conselheiros nacionais.
“Eu quero ser o partido que tem uma alternativa ao Costa”, acrescentou.
Rangel disse concordar com Rio que a oposição tem de ser responsável “e não trauliteira”, mas sobretudo “tem de ser oposição”.
A nível de temáticas, o antigo líder parlamentar lamentou que o partido nada tenha dito nos últimos dias sobre os problemas registados em vários hospitais e, sobre o projeto de revisão constitucional anunciado pela direção de Rio, disse não ser uma prioridade.
“Ninguém está à espera disso em casa”, afirmou.
Rangel respondeu também indiretamente às críticas de deslealdade que alguns membros da direção lhe têm dirigido, dizendo não as aceitar.
“Digo, olhos nos olhos, que serei candidato à liderança do PSD. Com toda a lealdade, mas também com toda a liberdade”, afirmou.
Rangel deu os parabéns a todos os candidatos autárquicos do partido e também à direção pelos resultados de 26 de setembro, mas recusou as acusações de que andou “a fazer contra campanha” ao partido.
“Não aceito lições de deslealdade, dr. David Justino”, afirmou, dirigindo-se ao vice-presidente do partido, dizendo ter sido “vilipendiado” nos últimos dias.
O eurodeputado afirmou que, se fosse desleal, na noite eleitoral das europeias de 2019, tinha responsabilizado o PSD pelo “acordo” com PCP e BE na crise dos professores, recordando ocasiões em que discordou publicamente do atual líder, como por não ter feito o referendo sobre a eutanásia ou pelo fim dos debates quinzenais, mas recusou ter andado em conspirações.
O eurodeputado apresenta na sexta-feira publicamente a sua candidatura à liderança do PSD às 17:00, num hotel em Lisboa.
Paulo Rangel, 53 anos, é eurodeputado desde 2009, tendo sido por três vezes consecutivas cabeça de lista nas europeias pelo PSD, e é vice-presidente do Partido Popular Europeu.
Líder parlamentar do PSD entre 2008 e 2009, sob a liderança de Manuela Ferreira Leite, Rangel disputou a presidência do PSD em 2010, conseguindo 34,4% dos votos contra os 61% de Pedro Passos Coelho, numas eleições a que também concorreram José Pedro Aguiar Branco (3,42%) e Castanheira Barros (0,27%).
Em 2017, voltou a ponderar concorrer à presidência do PSD, aquando da saída de Pedro Passos Coelho, mas decidiu não avançar invocando razões de ordem familiar.
Nas últimas diretas, em 2020, apoiou o atual presidente, Rui Rio, contra Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, mas meses mais tarde viria a recusar um convite da direção para ser o candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto.
O presidente do PSD, Rui Rio, ainda não esclareceu se será ou não recandidato ao cargo.
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