“Eu acho que nós tivemos umas eleições marcantes, traumáticas para o PSD e para a direita portuguesa. Acho que é tempo de refletir, de parar, de respirar fundo, de a Comissão Política Nacional reunir e de podermos internamente fazer esse processo”, afirmou Miguel Pinto Luz, acrescentando que só depois de os órgãos se pronunciarem é que falará de uma eventual recandidatura à liderança do partido.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais falava esta tarde, aos jornalistas, no final da cerimónia de atribuição do título Doutor Honoris Causa ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que decorreu na Reitoria da Universidade Nova.

Nesta cerimónia participaram várias personalidades ligadas ao PSD, como os antigos primeiros-ministros Francisco Pinto Balsemão e Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, como os ex-ministros e antigos líderes centristas Paulo Portas e Assunção Cristas, que não quiseram prestar declarações aos jornalistas.

Na segunda-feira, no seu espaço de opinião semanal na TSF, “Não Alinhados”, Miguel Pinto Luz já tinha defendido que o partido precisa de “uma reflexão profunda” antes de discutir futuras lideranças”.

Por seu turno, também em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, recusou-se a comentar cenários de futuro na liderança do PSD, assegurando que o seu foco é a presidência da autarquia lisboeta e que faz parte da sua natureza “levar os projetos até ao fim”.

“A minha missão são os lisboetas. É isso que tenho de fazer todos os dias. A minha relação com os lisboetas. Mudar o futuro da cidade”, afirmou

A Comissão Política Nacional do PSD vai reunir-se na quinta-feira, pelas 17:00, num hotel em Lisboa, para fazer a análise dos resultados das legislativas de domingo.

De acordo com os resultados provisórios das legislativas (e que ainda não incluem os quatro deputados eleitos pela emigração), o PSD conseguiu 27,8% dos votos e 71 deputados sozinho, subindo para 76 deputados e cerca de 29% do total dos votos somando os valores obtidos nas coligações de que fez parte na Madeira e dos Açores.

Ainda assim, quando se somarem os deputados da emigração, o PSD deverá ficar abaixo dos 79 que tem atualmente e ficou a quase 14 pontos percentuais do PS, que teve a segunda maioria absoluta da sua história.

Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.

"Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento. O partido decidirá", declarou Rui Rio.