De acordo com o Diário de Notícias, o embate entre Rui Rio, Paulo Rangel e Nuno Miguel Henriques — a correr no dia 27 de novembro — arrisca a ser um dos com menor participação de sempre na história das eleições diretas do partido social-democrata.

Há neste momento apenas 46.026 militantes com as quotas regularizadas e, por isso, aptos a votar. O valor mais baixo foi em janeiro de 2020, quando Luís Montenegro desafiou Rio pela liderança, havendo somente 40.628 militantes com as quotas em dia.

A média de militantes aptos a votar no PSD situou-se quase sempre na média dos 50 mil, sendo que baixou também para os 46.430 nas diretas de 2014, quando Pedro Passos Coelho concorreu sozinho.

Segundo o DN, entre 14 de outubro (data em que Paulo Rangel foi a conselho nacional anunciar a sua candidatura) e 17 de novembro, mais de 28 500 militantes pagaram as quotas — no entanto, quase 39 mil dos perto de 85 mil ativos (ou seja, aqueles, que pagaram pelo menos uma quota nos últimos dois anos) não regularizaram a sua situação e não vão poder votar.

Estes valores revestem-se de particular importância porque o líder eleito destas diretas irá concorrer pouco depois nas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022. Ao jornal, um dirigente não identificado dos sociais-democratas deixa o alerta, já que se o PSD “não mobiliza os militantes, como há de mobilizar o país?”

As causas para este baixo número de militantes aptos a votar dividem-se entre militantes e dirigentes. Paulo Cunha, líder da distrital de Braga, fala em “calvário” no que toca ao modelo introduzido para pagar as quotas e defende que não deveria ser necessário tê-las pagas para votar. No entanto, considera que parte do aparente desinteresse nestas eleições pode estar no facto dos militantes confiarem tanto em Rio como em Rangel.

Já Jorge Fidalgo, que lidera a distrital de Bragança, admite que possa haver “desleixo” mas adianta também que pode haver eleitores não ativos a serem contabilizados por falta de atualização dos cadernos.

Recorde-se que Rui Rio levou à votação em Conselho Nacional do PSD, a 6 de novembro, uma proposta para abrir os cadernos a todos os militantes ativos e não apenas aos que têm as quotas em dia. Tal proposta foi rejeitada, principalmente por Paulo Rangel, que recusou “mudar as regras a meio do jogo”.

Além do eurodeputado Paulo Rangel e do atual presidente Rui Rio, o ex-candidato do PSD à Câmara de Alenquer Nuno Miguel Henriques manifestou também a intenção de disputar a liderança do PSD.

O prazo para a apresentação de candidaturas termina na próxima segunda-feira e estas têm de ser acompanhadas de 1.500 assinaturas e de uma moção de estratégia global.

As eleições diretas para presidente da Comissão Política Nacional do PSD estão marcadas para 27 de novembro (com uma eventual segunda volta no dia 1 de dezembro, caso nenhum dos candidatos obtenha mais de 50% dos votos, o que só poderá acontecer se existirem pelo menos três) e o 39.º Congresso agendado para entre 17 e 19 de dezembro em Lisboa.