Na apresentação da sua candidatura à liderança do PSD, em Aveiro, Rui Rio defendeu que "o PPD que Sá Caneiro e Francisco Balsemão" fundaram, entre outros, tem "raízes profundas" na classe média e é "transversal a toda a sociedade".

"É um partido do centro, que vai do centro-direita ao centro-esquerda. Não é um partido de direita, tal como alguns o têm tentado caracterizar. Não é, nem nunca será", defendeu.

Por outro lado, no final do seu discurso de sete páginas, lido em menos de 20 minutos, Rui Rio defendeu que o PSD tem de ser o agente da mudança política em Portugal: "O PSD é um partido de poder, não é muleta de poder".

"Para o PSD, este será o primeiro dia da sua caminhada para a reconciliação com os portugueses. Mas, para Portugal, este terá de ser, acima de tudo, o princípio do fim desta coligação parlamentar que hoje, periclitantemente, nos governa", afirmou.

No final de uma declaração, que tinha sido anunciado como sem direito a perguntas, a SIC tentou confrontar Rui Rio com o anúncio, feito na terça-feira, pelo antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, de que também está na disputa da liderança do PSD.

"Vamos ter três meses para responder às perguntas dos jornalistas", justificou Rio, sem responder à questão.

Numa sala cheia, sem cadeiras, com todos os apoiantes de pé, Rui Rio deixou críticas à atual solução governativa.

"O país não se pode deixar hipnotizar por uma conjuntura económica que, por contrastar pela positiva com a profunda crise que recentemente atravessámos, tende a nos iludir quanto ao futuro. Mais do que gerir o presente ou lamentar o passado, Portugal tem de se preparar para o futuro", apelou.

Para Rui Rio, só um PSD "com novas formas de funcionamento, bem mais perto das pessoas e mais aberto à sociedade" pode voltar "a ser uma força política liderante" e capaz de fazer o país ultrapassar o que chamou de "contradições estruturais".

"Pelas contradições que em si encerra, esta coligação parlamentar que hoje nos governa, jamais será capaz de o fazer", afirmou.

O antigo autarca recorreu ao seu lema de campanha - "É hora de agir" - para defender que a altura não é de desmoralização ou de abandono de militância e muito menos de "entrega passiva da liderança a outras forças partidárias".

Rui Rio retomou uma das temáticas mais recorrentes das suas intervenções recentes, o distanciamento entre os políticos e os cidadãos.

"Candidato-me a presidente do PSD com a noção muito clara de que o partido tem de definir um novo rumo, que leve ao renascer do contrato de confiança que, ao longo da sua história, sempre soube manter com os portugueses", apelou, dizendo que o partido tem de atrair para a militãncia ativa quer jovens quadros quer o povo anónimo.

Sem referências diretas à regionalização - sobre a qual tem defendido "um debate sério no país" -, Rio considerou que o país tem de "ganhar uma margem sustentável para distribuir a riqueza de forma mais justa e ser social e territorialmente mais coeso".

"Não podemos estar apenas preparados para navegar com mar calmo e ventos favoráveis", alertou.

No final da sua declaração, Rio assegurou que conta "com todos" no partido.