No final de uma reunião com a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Santana Lopes foi questionado se concordava com o seu adversário, Rui Rio, que afirmou na terça-feira que o contacto com os militantes era, na sua opinião, mais importante para a vitória do que os debates.

“Eu quando ouço determinadas frases penso que estou a ouvir mal. Quem sugeriu debates ao pé dos militantes sabe quem foi e sei o que tenho ouvido estas semanas… Agora estamos a negociar debates com as televisões, diz-se que é muito importante debater junto dos militantes”, afirmou, escusando-se a fazer mais comentários sobre questões internas.

Depois de, no início da campanha, Santana ter proposto realização de debates organizados por cada distrital e estrutura regional – o que daria mais de 20 debates – e Rio ter rejeitado a proposta, as duas candidaturas estão agora a negociar os termos e o modelo em que poderão decorrer os debates entre os dois candidatos à liderança do PSD.

Santana Lopes escusou-se também a comentar a inclusão na Comissão de Honra de Rui Rio, que é hoje apresentada, de antigos ministros que integraram o Governo que chefiou, incluindo Henrique Chaves, que foi seu ministro adjunto e cuja demissão contribuiu de forma determinante para a queda do executivo.

“Não comento, cada um escolhe as comissões que entende”, disse, fazendo um sorriso irónico perante a insistência dos jornalistas no nome de Henrique Chaves.

Sobre a reunião com a CTP, Santana detetou preocupações comuns, como a necessidade de manter inalterada a legislação laboral, que tem considerado “equilibrada” e capaz de atrair investimento.

O antigo primeiro-ministro realçou ainda a importância da construção em tempo útil do novo aeroporto do Montijo, salientando que hoje o aeroporto de Lisboa já “rejeita passageiros e aviões”.

“Como dizia o presidente da CTP, é uma ironia quase perversa: fizemos tudo para ter esta procura e neste momento não temos aeroportos na região de Lisboa para receber os que querem cá vir”, lamentou, alertando também para a necessidade de mão de obra qualificada na área do turismo.

Questionado sobre a importância destas conversas com parceiros sociais na sua campanha, Santana Lopes frisou que o seu lema tem sido “ouvir por todo o país”.

“Neste mês de candidatura fiz mais de 20.000 quilómetros e tem sido sobretudo a ouvir. Aliás, nem concebo qualquer tipo de liderança que se possa exercer sem estar próximo das pessoas e daquilo que elas pensam”, afirmou.

O PSD escolherá o seu próximo presidente em 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro.

Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.