“Toda a sucessão destes acontecimentos trágicos revela alguma desorientação do Estado e quem tem o poder executivo no Estado é o Governo”, disse Pedro Santana Lopes, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o vice-presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, em Lisboa.
Instado a comentar as eventuais responsabilidades pelo recente surto de ‘legionella’, no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, Santana Lopes começou por dizer que só fala quando “tiver a certeza absoluta das causas”, frisando que também quis esperar pelos resultados da comissão técnica que avaliou as causas dos incêndios de junho no centro do país antes de se pronunciar.
“Quando vieram os relatórios, eram inquestionáveis no apontar de culpas ao Ministério da Administração Interna e a serviços desse Ministério e, por isso, se justificou inteiramente o que aconteceu, a demissão da ministra”, disse.
Quanto ao surto de `legionella´, ainda não há “certeza absoluta das causas”, notou.
Contudo, independentemente do que vier a ser apurado, disse, “há falta de financiamento na saúde”.
Para Santana Lopes, o governo “não tem descativado na medida do necessário na área da saúde”.
Em todo o caso, acrescentou, “são acontecimentos a mais, alguns até insólitos na tristeza que provocam como a interrupção de velórios” e podem não ter “a ver com dinheiro, mas revelam essa agitação e desorientação do Estado”.
Segundo o candidato a líder do PSD, essa “desorientação” pode ter que ver com as dificuldades que a atual maioria tem passado desde as eleições autárquicas”, nomeadamente, uma recomposição e acerto de posições.
“Que isto não é normal não é”, disse, ressalvando que, no caso do surto de `legionella´, ainda não há certezas da responsabilidade pelas falhas.
Segundo anunciou hoje a Direção-geral da Saúde (DGS), o número de casos confirmados de doença dos legionários do surto no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, subiu para 50, mais dois relativamente ao balanço anterior.
Questionado sobre a polémica em torno da realização de um jantar da Web Summit no Panteão Nacional, Santana Lopes defendeu que o monumento não deveria acolher aquele tipo de iniciativas e invocou a religião que professa.
“Manda a religião em que eu professo e outras, mas esta tenho a certeza, para me pôr no lugar dos outros. Eu não gostava, e julgo que nenhum de nós gostava, que fizéssemos jantares ao pé de urnas de familiares nossos por muito que estejam num grande monumento”, declarou.
O PSD escolherá o seu próximo presidente em 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro.
Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.
O atual presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, já disse que não se recandidata ao cargo que ocupa desde 2010.
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