Apesar de reconhecer como “boa” a medida do passe social único, a vigorar desde segunda-feira, o deputado municipal social-democrata Antónia Prôa criticou o atraso na implementação do passe Navegante Família, que permitirá que, num agregado familiar, se pague no máximo dois títulos de transporte para todas as pessoas desse agregado que o queiram utilizar.

Nesse sentido, e considerando que foi criada uma “expectativa que não foi cumprida”, o eleito avançou na sessão plenária da AML que o PSD vai apresentar uma proposta para “que seja efetuada a devolução do pagamento efetuado em excesso pelas famílias de Lisboa a partir do dia 1 de abril, relativamente ao passe família, e até à respetiva concretização”, prevista para julho.

Em resposta, o vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar (PS), disse que este passe arrancará em julho e reiterou que o atraso se deve ao facto de ainda não estarem reunidos todos os instrumentos necessários à sua implementação.

No Navegante Metropolitano Família, o valor máximo a pagar por uma família, independentemente do número de pessoas que constituem o agregado, é de 80 euros. No Navegante Municipal Família, o máximo será de 60 euros.

A Área Metropolitana de Lisboa justificou o atraso na entrada em funcionamento deste passe com “questões técnicas" relacionadas com a sua operacionalização e desburocratização.

Intervindo na sessão, o independente Rodrigo de Mello Gonçalves, que saiu recentemente do grupo municipal do PSD, questionou o executivo, liderado pelo PS, sobre “qual o impacto financeiro que este programa [passe social único] tem nas contas do executivo”.

O vice-presidente da autarquia lisboeta, João Paulo Saraiva (Cidadãos Por Lisboa, eleito na lista do PS), notou que a câmara está preparada “para investir no transporte público em Lisboa, quer diretamente na Carris, quer por transferências para a Área Metropolitana de Lisboa”, cerca de 40 milhões de euros por ano, sem ter de “prescindir de prioridades” que têm sido “enunciadas nestes últimos anos”.

Na sessão de hoje, a AML aprovou, por unanimidade, uma recomendação do PAN que pede transportes públicos acessíveis a todas as pessoas.

“É inadmissível que em plena capital do país, Capital Verde 2020 e destino turístico europeu de eleição, estejamos ainda a insistir na questão das acessibilidades. Não nos esqueçamos que nem todas as pessoas têm possibilidade de se deslocar de carro ou táxi, e nem todas circulam de transportes públicos com a mesma facilidade, seja porque se deslocam em cadeira de rodas, com carrinhos de bebé ou por qualquer outra circunstância”, defendeu a deputada Inês de Sousa Real.

A recomendação do partido “visa a articulação com o Metropolitano de Lisboa para que todas as estações, com prioridade àquelas que se situam junto de unidades hospitalares ou centros de saúde, tenham plataformas elevatórias ou elevador desde a superfície até à plataforma de embarque".

O documento pede também que os trajetos da Carris sejam repensados, de forma a "minimizar os percursos a pé" entre as paragens de autocarro e os diversos serviços da cidade.

O grupo municipal do PAN na AML recomenda ainda à Câmara, liderada pelo PS, que acelere a implementação do Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa "para que os passeios tenham menos obstáculos, existam mais passadeiras e maior fiscalização das obras, assegurando a mobilidade de todas as pessoas".