Em entrevista a várias agências noticiosas internacionais à margem do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, o líder do Kremlin afirmou que a Rússia está a considerar o fornecimento das suas armas de precisão de longo alcance a regiões onde possam ser utilizadas para atingir “infraestruturas sensíveis” dos países que estão a transferir armamento para Kiev.

Putin sublinhou que os soldados ucranianos não têm capacidade tecnológica para utilizar armas ocidentais de longo alcance, pelo que são os especialistas dos países da NATO que devem inserir as instruções de voo com a ajuda de informações dos satélites norte-americanos.

“A nossa resposta pode ser assimétrica. Estamos a pensar nisso”, disse o líder russo, observando que a transferência de armas a terceiros que não especificou poderia servir para atingir instalações dos respetivos países visados noutras partes do mundo.

Putin sustentou que, “se alguém considerar possível fornecer armas” para atacar o solo russo, “isso marcaria o seu envolvimento direto na guerra contra a Federação Russa”, advertindo: “Reservamo-nos o direito de agir da mesma forma”.

Além disso, indicou que as forças de Moscovo vão fortalecer o seu sistema de defesa antimísseis para neutralizar ataques inimigos.

O Presidente russo defendeu que os novos fornecimentos à Ucrânia provenientes dos seus parceiros ocidentais “destroem completamente as relações internacionais e minam a segurança global”.

Na semana passada, o Kremlin acusou os membros da NATO de abrirem uma nova fase de tensão com Moscovo ao autorizarem Kiev a atacar com armas ocidentais pontos do território russo de onde são lançados ataques contra a Ucrânia, como na mais recente ofensiva russa contra a região de Karkhiv, nordeste ucraniano.

A Alemanha juntou-se recentemente aos Estados Unidos ao dar aval à Ucrânia para atingir alguns alvos em solo russo com armas de longo alcance fornecidas a Kiev, depois de as entregas de tanques alemães a Kiev terem sido um choque para muitos na Rússia, segundo o responsável do Kremlin.

“Agora, se [as forças ucranianas] usarem mísseis para atacar instalações no território russo, isso arruinará completamente as relações russo-alemãs”, declarou.

Respondendo a perguntas de jornalistas internacionais pela primeira vez desde a sua posse no mês passado para um quinto mandato, Putin vaticinou que nada mudará nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos, independentemente de o vencedor nas presidenciais de novembro ser o democrata Joe Biden ou o republicano Donald Trump.

“Trabalharemos com qualquer presidente eleito pelo povo americano”, disse Putin, afirmando ainda sobre o mesmo assunto: “Digo com toda a sinceridade que não acreditamos que depois das eleições algo mudará na abordagem russa na política americana. Nós não pensamos assim. Achamos que nada tão sério vai acontecer”.

Questionado sobre as perdas militares russas, Putin disse que nenhum país revelaria essa informação durante as hostilidades, mas afirmou, sem fornecer detalhes, que as baixas da Ucrânia são cinco vezes maiores do que as da Rússia.

O líder do Kremlin indicou ainda que a Ucrânia tem mais de 1.300 soldados russos em cativeiro, enquanto mais de 6.400 ucranianos estão detidos na Rússia.