Na conversa com o líder turco, Putin denunciou que o alegado ataque provocou “uma grande catástrofe ecológica e humanitária” na região ucraniana anexada de Kherson, segundo informou o Kremlin (Presidência russa) num comunicado.

A Rússia proclamou, em 30 de setembro de 2022, a anexação das regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk.

O chefe de Estado russo sublinhou ainda que, com o apoio dos aliados ocidentais, Kiev “continua a apostar perigosamente na escalada das ações militares”.

“Cometem crimes de guerra, utilizam abertamente métodos terroristas e organizam atos subversivos em território russo”, acrescentou Putin, citado na mesma nota informativa.

No âmbito desta conversa telefónica, Ancara informou que Erdogan sugeriu hoje aos seus homólogos russo e ucraniano a criação de uma comissão de inquérito internacional, após a destruição da barragem de Kakhovka.

Numa conversa telefónica com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, “o Presidente Erdogan declarou que poderia ser criada uma comissão com a participação de especialistas das partes beligerantes, das Nações Unidas e da comunidade internacional, Turquia incluída”, anunciou a Presidência turca em comunicado.

Esta comissão teria por missão realizar uma “investigação aprofundada sobre a destruição da barragem de Kakhovka”, precisou Ancara.

Também Zelensky indicou ter hoje conversado com Erdogan sobre “as consequências humanitárias e ambientais” das inundações causadas no sul do território ucraniano pela destruição da barragem.

“Falámos das consequências humanitárias e ambientais do ato terrorista russo contra a central hidroelétrica de Kakhovka, incluindo dos riscos para a central nuclear de Zaporijia”, escreveu Zelensky na rede social Twitter, acrescentando “ter apresentado” ao homólogo turco “uma lista das necessidades urgentes para lidar com a catástrofe”.

Erdogan falou, em seguida, com o Presidente russo, Vladimir Putin, dizendo-lhe desejar que o inquérito internacional permita “dissipar quaisquer suspeitas”, indicou a Presidência turca num segundo comunicado.

Moscovo e Kiev rejeitam a responsabilidade do ataque à barragem que fornece água à Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, e se encontra na rota das tropas ucranianas para uma recuperação dos territórios ocupados.

A destruição da barragem desencadeou uma queda abrupta de torrentes de água no caudal do rio Dniepre, obrigando vários milhares de pessoas a abandonar as zonas inundadas e fazendo temer uma catástrofe ecológica.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).