De acordo com o museu, a tela - cuja campanha pública tinha como título "Vamos colocar o Sequeira no lugar certo" - será colocada amanhã ao meio-dia, na nova exposição permanente de pintura e escultura portuguesa, que é inaugurada na quinta-feira.

O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) indica, num comunicado, que o restauro da obra "acaba de ser finalizado" pelo Departamento de Conservação e Restauro daquela instituição, onde se encontrava na sequência da aquisição da peça, em abril.

A campanha pública de angariação de fundos para comprar a tela "A Adoração dos Magos", atingiu um total de 745.623,40 euros, ultrapassando largamente os 600 mil euros necessários para a aquisição, tendo o museu já anunciado que o excedente será utilizado na aquisição de outra obra de arte, de valor cultural correspondente.

Esta foi a primeira campanha em Portugal de angariação de fundos para a aquisição de uma obra de arte para um museu público, e contou com a contribuição de milhares de cidadãos a título individual, instituições, empresas, fundações, escolas, juntas de freguesia e câmaras municipais.

Lançada em outubro do ano passado, a campanha “Vamos pôr o Sequeira no Lugar Certo” tinha como objetivo ajudar o museu a adquirir a obra de Domingos Sequeira, pintada em 1828, da qual o MNAA possui o desenho final e vários preparatórios.

A tela faz parte da série “Palmela”, com quatro pinturas religiosas, e o MNAA possui, na sua coleção, os desenhos preparatórios de estudo de todas elas, mas não os respetivos óleos.

Para a campanha, contribuíram desde muitos cidadãos anónimos a personalidades públicas como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o novo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, ambos a título individual, e entidades privadas e públicas, como a Fundação da Casa de Bragança, com 35 mil euros.

Uma das contribuições que o museu considerou ter dado "grande impulso" à campanha foi a da Fundação Aga Khan, de 200 mil euros, a maior doação registada.

O MNAA tem no seu acervo cerca de 30 obras em pintura e desenho de Domingos Sequeira (1768-1837), cujo trabalho realizado, nas primeiras décadas do século XIX, se situa entre o Classicismo e o Romantismo, de um modo similar a Francisco de Goya, seu contemporâneo na cultura espanhola, segundo o museu.

Devido ao seu talento, Domingos Sequeira conseguiu proteção aristocrática e uma bolsa para se aperfeiçoar em Roma, onde privou com vários mestres e conquistou diversos prémios académicos.