A guerra continua entre Israel e o Hamas. À volta, os pedidos de cessar-fogo continuam. No dia de hoje, surgiu um que ainda não se tinha ouvido: o Parlamento Europeu (PE) pediu pela primeira vez um “cessar-fogo permanente” — mas com condições indispensáveis.
Os eurodeputados aprovaram uma resolução com 312 votos a favor, 131 contra e 72 abstenções, que pede um “cessar-fogo permanente e o recomeço dos esforços de negociações rumo a uma solução política”.
O que é indispensável para o cessar-fogo?
O PE estabeleceu como condições indispensáveis o desmantelamento do Hamas enquanto organização e a libertação de todos os reféns que ainda estão na Faixa de Gaza.
“Apesar de condenarem nos termos mais fortes possíveis os desprezíveis ataques terroristas cometidos pelo Hamas contra Israel, [os eurodeputados] também denunciam a resposta militar desproporcionada, que causa a morte de civis a uma escala sem precedentes”, sustenta-se na resolução.
Israel e todas as partes envolvidas no conflito têm de fazer a distinção “entre combatentes e civis”, acrescentaram os eurodeputados no texto aprovado.
Face à “rápida deterioração da situação humanitária na Faixa de Gaza”, os eleitos pelos cidadãos dos 27 Estados-membros pediram o “acesso de apoio humanitário total, rápido, em segurança e sem restrições” à população palestiniana que está na Faixa de Gaza e “exigem a reposição imediata das infraestruturas vitais”.
Na sequência deste apelo, o PE pediu também que as partes envolvidas no conflito regressem às negociações e encontrem um caminho para a chamada “solução dos dois estados”, defendida pela União Europeia e que aponta como solução para o conflito israelo-palestiniano (que dura há mais de 70 anos) dois países a partilhar aquele território e o fim dos colonatos israelitas na Cisjordânia.
Entretanto, o que está a acontecer na guerra?
- Oposição a Estado palestiniano
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou hoje ter comunicado aos Estados Unidos que é contra a criação de um Estado palestiniano em qualquer cenário de pós-guerra.
Tal posição evidencia as profundas divergências entre os aliados próximos, três meses após o início da ofensiva de Israel à Faixa de Gaza, a 7 de outubro, para eliminar o movimento islamita palestiniano Hamas, ali no poder desde 2007.
Os Estados Unidos instaram Israel a reduzir a escala e a intensidade da sua ofensiva a Gaza e sustentaram que a criação de um Estado palestiniano deveria fazer parte do “dia seguinte”.
- Mais ataques
O Exército israelita reivindicou a destruição do principal quartel-general militar do Hamas em Khan Yunis, reduto do grupo islamita no sul da Faixa de Gaza, onde os combates decorrem desde o início de dezembro.
“Os soldados da Brigada Givati realizaram um ataque seletivo aos quartéis pertencentes ao Batalhão Sul da Brigada Hamas Khan Yunis e aos escritórios do comandante do batalhão e de outros altos funcionários”, anunciou um comunicado militar.
O comunicado refere que os soldados localizaram nesse local numerosas armas e documentos de informação militar, incluindo dezenas de granadas de mão, AK-47, munições, equipamentos de escavação, lançadores, mísseis RPG, explosivos e documentos de gestão de combate.
- Novo balanço em Gaza
Um total de 24.620 palestinianos foram mortos e 61.830 ficaram feridos em ataques israelitas em Gaza desde 7 de outubro, de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde de Gaza.
Este balanço inclui 172 mortos e 326 feridos nas últimas 24 horas.
- Falta de medicamentos
Ontem, um carregamento de medicamentos para reféns detidos pelo Hamas chegou a Gaza, depois de França e Qatar terem mediado o primeiro acordo entre Israel e o Hamas desde o cessar-fogo de uma semana em novembro.
Contudo, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar admitiu que é difícil confirmar se os medicamentos chegaram de facto aos reféns israelitas detidos.
*Com Lusa
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