Os 52 elementos da Força Especial de Bombeiros da Proteção Civil que Portugal enviou, na sexta-feira, para combater os incêndios florestais que devastam o Chile desde dezembro, foram a resposta a um alerta lançado pelo Centro de Coordenação de Resposta de Emergência (ERCC, na sigla em inglês), que a Lusa visitou em Bruxelas, no âmbito de um programa para jornalistas portugueses organizado pelas representações das instituições europeias em Lisboa.
Em cima das mesas, estavam vários mapas-satélite, por exemplo da zona onde uma avalancha provocada por um terramoto causou a morte a pelo menos 29 pessoas, em Itália.
O ambiente era de vigia, com os monitores focados nos episódios do dia e nas operações em curso — os barcos de migrantes e refugiados continuam a chegar e já seguiram 11 aviões para Mossul, no Iraque, para prestar assistência médica a civis.
“O que fazemos é facilitar o diálogo entre os países”, para “melhor responder aos desastres” e “estar em sintonia na resposta a emergências”, resume Ionut Homeag, coordenador do centro.
O ERCC está “em contacto permanente” — 24 horas, sete dias por semana — com todos os centros operacionais nacionais, realça. No ano passado, o centro recebeu 26 pedidos de assistência, 18 dos quais de fora da UE.
Há uns dias, a atenção concentrava-se no mau tempo na Europa e nos incêndios no Chile, sendo que, neste caso, ainda estavam a ser avaliadas as necessidades e os meios disponíveis.
O ERCC só pode agir quando receber um pedido de assistência e só pode destacar meios para o terreno com autorização do próprio país. “A nossa obrigação é estarmos preparados para expedir os meios se o pedido chegar”, explica o coordenador.
“Este mecanismo é para intervenção rápida, específica, dirigida e de nicho, como abrigos de emergência ou água e saneamento”, explica.
“Nunca recusámos um pedido de ajuda”, frisa Carlos Gordejuela, porta-voz responsável por Ajuda Humanitária e Proteção Civil, sublinhando que o centro não se substitui à responsabilidade dos Estados-membros, sendo apenas um instrumento adicional, e que o centro não tem aviões “prontos para partir”.
Com 21 membros, o centro tem sempre, no mínimo, três pessoas a trabalhar, mas, se a tensão aumentar ou existirem várias crises ao mesmo tempo, as equipas alargam.
Durante a crise do Ébola, chegaram a estar 60 a 70 pessoas na reunião da manhã, recorda Loic Lallemand Zeller, chefe da unidade.
Portugal acionou um pedido de ajuda no ano passado, em resultado dos fogos florestais, e, agora, vai enviar efetivos para o Chile.
O ERCC “é, talvez, o melhor exemplo da solidariedade europeia”, considera o comissário europeu para Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides.
Portugal tem contribuído regularmente e “permanece um dos mais importantes pilares na busca de eficácia e eficiência do centro”, frisa o comissário, destacando que 26 países deram uma “excelente resposta à situação de migrantes e refugiados”, que já receberam “milhares de mantas, sacos-cama, aquecedores, contentores”.
Porém, tal não é suficiente para acabar com “a sensação dolorosa de ver pessoas a sofrer em zonas geladas”, reconhece. Sublinhando que a UE já “distribuiu muitos fundos para lidar com essa situação difícil”, o comissário cipriota reconhece que “os parceiros humanitários, dentro e fora da Europa, podem aliviar o sofrimento” de refugiados e migrantes.
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