"Ele [Cameron] gostaria que eu o visitasse em Downing Street, 10 [residência oficial do primeiro-ministro britânico]. Fizeram o convite há uns dois dias", revelou Trump. "E eu devo ir", completou. Trump também insistiu que se for eleito presidente, em novembro, terá um "um bom relacionamento" com David Cameron.

O gabinete de Cameron anunciou que "é uma prática recorrente" para o primeiro-ministro britânico conhecer os virtuais candidatos à Presidência americana, sejam republicanos ou democratas, caso estejamde visita ao país, mas destacou que não há nenhum encontro oficial marcado. "Os partidos ainda têm que escolher os seus candidatos, por isso não existem datas confirmadas para isso", disse um porta-voz oficial.

O tom usado por Trump marcou uma clara mudança na postura adoptada há quatro dias, quando o candidato e milionário protestou contra as autoridades britânicas, inclusive Cameron, por terem criticado a sua sugestão de banir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, uma proposta que classificaram de  "controversa, estúpida e equivocada". Trump causou também consternação em Londres ao questionar se a Grã-Bretanha deveria permanecer ou sair da União Europeia.

Mas, nesta sexta-feira, o candidato republicano defendeu-se das acusações - inclusive a feita por sua adversária democrata, Hillary Clinton - de que estaria a criticar um aliado de longa data dos EUA. "Onde é que eu estou a atacar a Grã-Bretanha? Eu não os estou a atacar", disse. "Honestamente, se eu fosse a Grã-Bretanha, sairia da UE. Vejo o que está a acontecer e a grande migração que está a destruir a Europa, e a UE tem muito a ver com isso", afirmou. "Pessoalmente, sairia, mas eu disse que não queria que isso influenciasse a população da Grã Bretanha".

Na segunda-feira, um porta-voz de Cameron disse que o primeiro-ministro ainda "discordava" de Trump no que respeita às propostas relativas aos muçulmanos, mas que o governo britânico "irá trabalhar com quem quer que seja o presidente dos Estados Unidos".

Também no início da semana, Donald Trump dirigiu algumas  palavras ao novo mayor de  Londres, Sadiq Khan, o primeiro muçulmano eleito para liderar uma capital ocidental. O mesmo Khan que tinha reagido anteriormente às afirmações do candidato americano, considerando que Trump era um "ignorante" sobre o Islão e que estava a fazer do mundo um lugar mais perigoso com seu discurso. "Penso que foram declarações muito rudes e, francamente, diga-lhe que me vou lembrar", disse Trump à ITV.