Em duas perguntas datadas de sexta-feira e endereçadas, através do parlamento, aos ministros das Finanças, João Leão, da Administração Interna, Francisca Van Dunem, e das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, o BE questiona se o executivo tem conhecimento de propriedades imobiliárias detidas pelo empresário russo Aleksandr Sergeevich Bukreev e pelos oligarcas da família Ananyev (os irmãos Dmitri e Alexei Ananyev e Daria Ananyev), e quantas são.
Nos documentos, hoje divulgados, o partido diz que Aleksandr Sergeevich Bukreev detém “um total de nove prédios residenciais, um dos quais em Portugal”.
De acordo com o diário russo Kommersant, Aleksandr Sergeevich Bukreev, deputado e um dos responsáveis pela empresa de construção russa SK-Legion, declarou em 2018 rendimentos de cerca de 2,2 milhões de euros.
Sobre a família Ananyev, o partido refere que Alexei e Daria Ananyev “são detentores de, entre outros bens, imóveis de luxo sediados em Portugal”.
O BE menciona documentação submetida ao Tribunal de Meshchansky, na sequência do divórcio entre Alexei e Daria, cujas partilhas, segundo o partido, dão conta de que ambos possuem propriedades imobiliárias em território português.
Em 2017, a revista Forbes estimava que o património líquido Alexei e Dmitri Ananyev, empresários do setor da tecnologia que fundaram o banco russo Promsvyazbank, era de 1,2 mil milhões de euros e 1,5 mil milhões de euros, respetivamente.
Em ambos os casos, o Bloco de Esquerda também questiona se os investimentos feitos para aquisição destes imóveis ocorreram ao abrigo dos 'vistos gold'.
“Preocupa-nos, face à atual invasão da Ucrânia e à luz da impunidade dos poderes financeiros, que interesses económicos e políticos com ligações ao regime atual de Vladimir Putin e ao partido Rússia Unida detenham propriedade imobiliária em Portugal, e em particular, que tal investimento estrangeiro tenha sido feito ao abrigo do programa 'vistos gold'”, completa o partido.
O BE endereçou uma terceira pergunta ao ministro das Infraestruturas, na qual questiona “que diligências estão a ser tomadas para averiguar quantos aviões e avionetas estão registadas junto da ANAC por parte de proprietários russos”.
O BE também interpelou a tutela sobre alegações feitas na rede social Twitter pelo 'hacker' Rui Pinto sobre voos privados feitos por oligarcas russos a partir de Portugal já depois da imposição das sanções da União Europeia (UE), em 27 de fevereiro, que incluem o encerramento do espaço aéreo dos Estados-membros a companhias aéreas e voos russos.
Rui Pinto referiu, por exemplo, uma viagem feita dia 07 de março, com destino a Moscovo e em que uma das rotas envolvia um jato privado de matrícula portuguesa CS-DOF, modelo Bombardier Challenger 650, que está registado na ANAC, e “de alegada ligação a Dmitri Mazepin, um dos oligarcas russos alvos de sanções por parte da União Europeia”.
Na sequência dessa publicação, a ANAC anunciou que estava a fazer uma investigação para confirmar as informações delatadas pelo 'hacker' português.
“Qual o resultado da análise por parte da ANAC sobre as denúncias do passado dia 7 de março, relativo ao voo com destino a Moscovo por parte do jato privado português CS-DOF?”, pergunta o BE à tutela.
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