Robert Durst foi acusado esta segunda-feira pelo homicídio da sua primeira mulher, Kathie McCormack Durst, desaparecida há 39 anos.
Descendente de uma família bilionária de Nova Iorque e catapultado para a fama por um documentário sobre a sua vida, Durst encontra-se a cumprir prisão perpétua pelo homicídio da melhor amiga, Susan Berman, crime que remonta a 2000. A acusação acredita que Berman terá ajudado o herdeiro a encobrir o homicídio da primeira mulher, Kathie.
O excêntrico milionário de 78 anos foi condenado a pena perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, pelo homicídio em primeiro grau de Berman (o equivalente a homicídio qualificado). Mas de acordo com o The Guardian, depois de saber a sentença, Durst foi hospitalizado nos cuidados intensivos e ligado a um ventilador devido à covid-19 num hospital em Los Angeles.
Mimi Rocah, magistrada do tribunal distrital de Westchester, nos subúrbios de Nova Iorque, numa declaração em que anunciava a acusação desta segunda-feira, fez saber que, "quando Kathleen Durst desapareceu em 31 de janeiro de 1982, a sua família e amigos ficaram com dor, angústia e perguntas que contribuíram por uma busca inabalável por justiça durante os últimos 39 anos". Rocah indicou igualmente que em janeiro deste ano tinha criado uma equipa dedicada a este "caso arquivado", capacitando-a de recursos e pessoas especializadas para chegar a este veredicto.
Questionado pelos jornais sobre esta condenação, o advogado de Durst sublinhou por e-mail que se tratava de "notícias falsas" ["fake news"]. Num segundo e-mail, instado a comentar se iria voltar a representar o milionário neste caso ou se estava preocupado com o estado de saúde de Durst caso este tivesse que ser transportado de Los Angeles para Nova Iorque, respondeu que "não tinha a certeza" se o seu cliente irá conseguir sobreviver ao internamento por covid-19, mas que assim que o soubesse iria dar uma resposta.
Quanto à família de Kathie Durst, o seu representante legal disse que ainda estavam a processar as notícias da acusação e que iriam prestar declarações sobre o assunto nos próximos dias.
O julgamento de Robert Durst começou em março de 2020, após um longo processo, em Los Angeles.
“The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst"
O milionário, que se declarou inocente, foi detido em março de 2015, na véspera da transmissão do último de seis episódios de um documentário sobre a sua vida, intitulado "The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst", disponível em território nacional na HBO Portugal.
O documentário inclui as declarações de Robert Durst em que, a falar sozinho na casa de banho, com o microfone sem fios a gravar, admite ter matado três pessoas: "O que é que eu fiz? Matei-os a todos, é claro".
Herdeiro de uma família de Nova Iorque que enriqueceu com negócios no imobiliário, Durst estava na mira da justiça há mais de três décadas, por ser considerado suspeito de crimes ainda por resolver, incluindo o desaparecimento de Kathleen Durst.
"The Jinx" revisitou outro episódio sangrento na vida do milionário, igualmente evocado pela acusação: o homicídio de um vizinho, em 2001, que depois desmembrou, atirando o corpo ao mar, numa tentativa de fazer desaparecer o cadáver.
O milionário acabaria por ser absolvido do crime, graças a uma equipa de advogados de luxo, que alegaram uma combinação de autodefesa, disparo acidental e embriaguez.
*Com Lusa
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