Este movimento, que tem promovido a mobilização dos sul-africanos neste período em que atravessam “um dos bloqueios mais extremos do mundo” devido à covid-19, pretende mobilizar pelo menos um milhão de sul-africanos, nacional e internacionalmente.

O objetivo é juntar este milhão de sul-africanos numa marcha lenta para expressar ao Governo da África do Sul e ao mundo que “não aceitam o ‘status quo’ de longa data como o crime, pobreza, má gestão de fundos governamentais, falta de empregos, falta de acesso a habitação básica, saúde, educação, segurança, alimentação, entre outros”, segundo um comunicado do movimento.

Outro objetivo é alterar a atual lei eleitoral que, em junho, o Tribunal Superior Constitucional da África do Sul considerou “inconstitucional, uma vez que não permite que indivíduos se apresentem como candidatos independentes nas eleições locais e nacionais”.

“Esta campanha visa capacitar os cidadãos da África do Sul a permanecer unidos para garantir que todas as mudanças relevantes sejam feitas na lei eleitoral dentro do prazo de 24 meses emitido pelo tribunal”, prossegue o movimento.

Fundado por Jarette Petzer e Joanita Van Wyk, o movimento acredita que a mudança da lei eleitoral “estabelecerá precedência para as gerações futuras, fornecendo um processo legal que dará mais poder ao povo da África do Sul para eleger ou demitir aqueles que os representam no Governo”.

Em relação ao impacto das medidas contra a covid-19, os promotores do evento afirmam que “resultaram num aumento de dois milhões de cidadãos a passar fome, elevando o número para 15 milhões de pessoas. Também dizimou mais a economia do país, rebaixado para o status de lixo total no início do bloqueio”.

A África do Sul é o país com mais casos de covid-19 no continente africano, com mais de 14 mil mortos e 625 mil casos.

Jarette Petzer promete continuar a mobilizar mais sul-africanos “através de uma série de campanhas” antes das próximas eleições, “num esforço conjunto para desafiar o sistema”.

“Exigimos que aqueles que estão no Governo sejam responsáveis perante os verdadeiros depositários desta terra, o povo da África do Sul".

Para o Move One Million, 26 anos após a África do Sul obter a democracia, “milhões de cidadãos perderam a esperança, pois a África do Sul continua a ser rotulada globalmente como um dos países mais desiguais”.

O protesto pacífico está agendado para sábado na África do Sul, mas os sul-africanos residentes no exterior organizaram vários protestos e reuniões de solidariedade ao movimento em mais 18 países: Portugal, México, Chipre, Grécia, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Noruega, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Uganda, Madagáscar e Reino Unido.

Em Portugal, estão previstas manifestações em Lisboa (Padrão dos Descobrimentos, Belém), no Porto (Avenida dos Aliados, junto à câmara municipal), no Algarve (Largo da Casa Inglesa, Portimão) e na Madeira (Praça do Mar, Funchal).