Em 2016, quando questionado sobre a liberdade fiscal dada a França (no incumprimento do défice), em comparação com países como Portugal e Espanha, sujeitos a um apertado crivo de Bruxelas, Jean-Claude Junker justificava a situação com uma resposta esclarecedora: “porque é a França”.
Não querendo fazer um roteiro a explicar o que tem este país de especial para merecer um tratamento diferenciado pelas altas instâncias fiscais da União Europeia, vamos simplesmente debruçar-nos sobre a questão “que país é este?”
É o país do romance. Ou pelo menos assim estamos habituados a olhar para França. E num país de tanto amor, de tanta paixão, não é inesperado chegar a umas eleições tão dramáticas como estas. Há um pouco de tudo: extremistas da esquerda, extremistas da direita; suspeitos de desvio de dinheiros públicos, usurpadores e trocas de última hora.
A primeira volta confirmou a previsão das sondagens e o enredo adensou. Colocam em linha para disputa da segunda volta (a 7 de maio) Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, partido de extrema-direita, contra Emmanuel Macron, o socialista do centro que virou independente de um centro ainda mais central e navega agora no limbo entre os extremos.
As sondagens, contudo, não valem nada. Ou pelo menos assim parece; é que nas primárias dos partidos, para a escolha dos candidatos de cada um, falharam tudo. A resposta a isto é-nos sugerida por Bismarck: “Não há situação em que as pessoas mintam mais do que depois de uma caçada, durante uma guerra ou antes de uma eleição.” Tudo isto para dizer que, pelo menos até aos votos estarem todos contados, o melhor é não fazer previsões.
Resta-nos, então, olhar para o resto. Olhar para aquilo que temos como certo. Olhar para os relatórios, para as análises estatísticas e ver que França é essa que vai a votos. Que França é essa cujo destino impacta o destino de todo o continente europeu. E também do mundo tal qual o conhecemos.
A primeira volta das eleições presidenciais francesas foi a 23 de abril. Os principais candidatos eram François Fillon (Partido Os Republicanos, direita conservadora), Benoît Hamon (Partido Socialista, centro-esquerda), Emmanuel Macron (movimento Em Marcha!, liberal independente), Jean-Luc Mélenchon (Frente de Esquerda, representa os comunistas e parte da extrema-esquerda), Marine Le Pen (Frente Nacional, extrema-direita). Passaram à segunda volta, a 7 de maio, Emmanuel Macron (24,01% dos votos) e Marine Le Pen (21,30% dos votos).
[atualizado a 3 maio 2017 com dados sobre a primeira volta]
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