A associação pretende refletir sobre a violência sexual e, com isso, contribuir para a desocultação desta forma de violência, organizando um debate sobre “Violência sexual: desocultar a endemia”.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da associação “Quebrar o Silêncio”, que apoia homens vítimas de violência sexual, adiantou que o objetivo é criar uma sociedade mais informada e mais sensível à violência sexual.

“A noção que muitas vezes passa é que a violência sexual é sexo, mas não é sexo, é crime, e precisamos de começar a desocultar esta realidade para enquadrar algumas formas de pensar”, defendeu Ângelo Fernandes.

O responsável apontou que é preciso informar porque quando existe uma grande desinformação, alimentam-se crenças e mitos que depois acabam por prejudicar as próprias vítimas.

“Muitas vezes pensam que não foram vítimas ou que não podem procurar apoio. As palavras têm peso e nós vemos muito isso no apoio que prestamos e quando falamos de crime ajuda a que os homens percebam que o que se passou foi crime e não uma experiência sexual”, defendeu.

Destacou que à medida que esta realidade vai sendo desocultada, mais homens procuram e pedem ajuda e a prova está nas estatísticas da associação que, de ano para ano, ajuda cada vez mais vítimas e respetivas famílias.

De acordo com Ângelo Fernandes, se nos primeiros meses de atividade, em 2017, ajudaram 47 homens, esse número mais do que duplicou no ano seguinte, em que apoiaram 107 homens vítimas de violência sexual.

Já no primeiro semestre deste ano, a associação apoiou 63 pessoas, o que, segundo o responsável, poderá indicar que poderá ser ultrapassado o número de apoios dados em 2018.

No debate de sexta-feira vão ser abordadas questões como a cultura da responsabilização da vítima ou o silêncio dos sobreviventes, estando prevista a participação não só de profissionais e especialistas, mas também de homens sobreviventes.