“Antes eu saía de um autocarro e entrava noutro. Mas hoje cheguei aqui e o de Rio de Loba (linha 1), que eu costumava apanhar, já tinha partido. Agora estou à espera do seguinte, que já está atrasado”, contou à agência Lusa Celina Ferreira.

A mulher, que vive no Mundão e trabalha como doméstica em Rio de Loba, mostrava assim o seu descontentamento na paragem do autocarro junto ao Rossio, criticando as mudanças que o MUV introduziu.

“Eu queria ir para Abraveses, a uma consulta do dentista, mas a informação não está clara. É uma baralhada autêntica”, disse, por seu turno, Conceição Sá.

“Ninguém se entende: eu ia no 20 ou no 7, agora dizem-me que já não é nesses”, acrescentou.

A mulher acabou por desistir e ir embora, à procura de outra solução para conseguir chegar a Abraveses.

Já Celina Ferreira continuou a aguardar a chegada do autocarro da linha 1, até que soube que este estava atrasado porque se tinha despistado contra um talho, ao subir a Avenida António José de Almeida em direção ao Rossio.

O despiste, que provocou três feridos ligeiros, ocorreu às 09:39, numa altura em que o presidente de Câmara, Almeida Henriques, e o restante executivo faziam a viagem inaugural de uma das três novas linhas do MUV.

Ao chegar à paragem do Rossio no autocarro da linha 21, que serve Silgueiros, Almeida Henriques ouviu as queixas de Celina Ferreira, que garantiu que ia “à Câmara pedir o dinheiro de meio dia” de trabalho.

“É natural que haja ajustamentos”, respondeu-lhe Almeida Henriques.

Depois, em declarações aos jornalistas, o autarca disse ser “perfeitamente natural que nestes primeiros dias haja um ou outro ajustamento de horário que tenha de ser feito”.

Almeida Henriques frisou que se trata de um serviço novo, com uma grande complexidade, que inclui “desde o serviço urbano, ao periurbano, ao serviço para as freguesias”, e que, por isso, está a ser desenvolvido faseadamente.

“Mas tudo ficará com certeza resolvido nos próximos dias”, frisou.

Segundo o autarca, o MUV “é uma grande conquista para Viseu”, que passa finalmente a ter um serviço de transporte urbano.

“A partir de hoje, de dez em dez minutos, está a sair da central de camionagem um minibus que leva as pessoas a qualquer ponto da cidade”, sublinhou, explicando que houve a preocupação de estas viaturas “fazerem a ligação às chamadas freguesias periféricas e aos bairros que estão à volta da cidade”.

Como está em fase de testes, este serviço “vai ser gratuito durante o mês de abril e de maio”, acrescentou.

Com os novos serviços entram também em funcionamento vários passes, além do social, nomeadamente o estudante, o empresa, o turístico e o familiar.

Almeida Henriques disse ainda que, por exemplo, com o mesmo título de transporte comprado em Silgueiros, um utente pode “parar no Rossio e, de imediato, passar para um dos minibus” que o levará depois ao hospital, ao centro de saúde ou à escola.

“O que se pretende é criar em Viseu um sistema de mobilidade urbana que não tínhamos. Nós só tínhamos as camionetas para as freguesias, serviço que reforçámos, e passamos agora a ter os transportes urbanos”, referiu, avançando que haverá mais novidades até ao final do ano.

O autarca realçou que “a ideia é que este serviço chegue ao maior número possível de pessoas” e, nesse sentido, serão feitos ajustamentos “a toda a hora”.

“Ainda ontem (segunda-feira), o senhor vereador fez várias alterações e vai continuar a fazê-las para irmos ao encontro destas solicitações”, frisou.

No que respeita às queixas de falta de informação, Almeida Henriques explicou que, na central de camionagem, estão duas pessoas a prestar todos os esclarecimentos necessários. A informação está também a ser constantemente atualizada na Internet e estão a ser distribuídos panfletos à população.

Satisfeita com a mudança estava Maria Augusta Oliveira, que viajou no mesmo autocarro de Almeida Henriques.

“São autocarros mais confortáveis e temos mais horários”, frisou, garantindo que vai usar mais vezes este serviço.

No autocarro seguia também o jovem Renato Pereira, que foi presenteado com um passe gratuito válido por um mês, por ter sido o primeiro passageiro da linha que liga Silgueiros a Viseu.