No ano passado, registaram-se “317 pedidos de ajuda/contactos ao Serviço SOS Pessoa Idosa e 280 processos internos, tendo sido efetuadas 489 articulações interserviços, o que representa um aumento de cerca de 20%”, em relação a 2017, afirma a FBB, numa nota enviada hoje à agência Lusa.
Entre 2015 e 2018, o número de pedidos de ajuda duplicou e os processos quadruplicaram, sublinha a Fundação, na mesma nota, recordando que o Dia Internacional da Família é celebrado na quarta-feira (15 de maio).
“Nas denúncias efetuadas ao Serviço SOS Pessoa Idosa, no ano de 2018, cerca de 70% dos indivíduos maltratantes estão identificados como familiares, pelo que se pode inferir que a relação entre a vítima e o agressor é, na maior parte dos casos, de parentesco”, refere a instituição.
Cerca de metade dos agressores são filhos das vítimas, ainda de acordo com os dados registados por aquele serviço em 2018, salienta a FBB, indicando que, por outro lado, “na sua maioria (66%), as vítimas são mulheres” e que “47% corresponde a pessoas em situações de viuvez”.
Com uma média de idades de 79 anos, 39% das vítimas habitam sozinhas, constituindo percentagens inferiores às que residem com os filhos (21%), na companhia do cônjuge (14%) ou em instituições (9%). Os casais são vítimas em conjunto em 10% das situações.
Em Portugal, um dos fatores que pode contribuir para aumentar a vulnerabilidade da população idosa face às situações de violência é o facto de este ser um dos países da Europa onde existe uma maior proporção de pessoas com 75 e mais anos, a coabitar ou ao cuidado de familiares diretos, por afinidade, ou por pessoas sem laço familiar, admite o SOS Pessoa Idosa.
Como formas de violências mais frequentes, de acordo com a identificação realizada por aquele Serviço, surgem agregadas as violências psicológica e física, o abuso financeiro e a violência psicológica e a negligência e abandono, com percentagens que variam entre os 17% e os 15%.
O distrito com mais pedidos de ajuda e denúncias é o de Lisboa com 24%, seguido de Coimbra com 21%, de Setúbal com 14% e do Porto com 9%.
Para a responsável pelo Serviço, Marta Ferreira, “o lugar de honra e a dignidade que as pessoas idosas de tempos anteriores tinham como garantidos, encontram-se atualmente comprometidos”.
As gerações familiares mais jovens, assumem, atualmente “direito sobre o destino dos mais velhos, sem considerar a opinião e vontade que têm sobre a sua própria vida”, afirma Marta Ferreira, citada pela FBB.
Acontece que “familiares próximos tomam decisão sobre a gestão dos bens da pessoa idosa, que ainda não lhes pertencem, ou negligenciam as suas responsabilidades familiares, sem interesse pelo bem-estar da quem já não se pode auto determinar, auto proteger”, explicita a responsável.
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