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Aos 39 anos, Sébastien Lecornu construiu uma carreira marcada pela longevidade: é o único membro do executivo que se mantém em funções desde a primeira eleição de Emmanuel Macron em 2017, sobrevivendo a remodelações sucessivas e até a eleições antecipadas. Essa resistência valeu-lhe a fama de “sobrevivente político”, lembra o jornal Politico.

De perfil discreto, reservado quanto à vida pessoal e com uma postura pública sóbria, Sébastien Lecornu mantém ao mesmo tempo uma forte ligação à política local, mantendo-se como conselheiro municipal na Normandia, onde passa a maioria dos fins de semana. Apesar da imagem austera, nos bastidores é descrito como um político hábil e pragmático, capaz de conduzir debates com destreza: sabe como evitar responder diretamente sem perder a aparência de bom ouvinte. Embora negue estar interessado em chefiar o Governo, é tido como um dos favoritos.

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A carreira começou cedo, aos 19 anos, tornou-se o mais jovem assistente parlamentar de França. Inicialmente ligado aos conservadores (Les Républicains), conseguiu adaptar-se ao universo político de Macron e conquistar confiança em vários quadrantes, do casal Macron a figuras da oposição como Marine Le Pen, com quem chegou a reunir-se em jantares informais. Essa capacidade de construir pontes reforça a sua imagem de político pragmático e adaptável.

Desde a invasão russa da Ucrânia, Sébastien Lecornu assumiu-se como o rosto do reforço militar francês. Reservista da Gendarmaria Nacional, liderou a aprovação da lei de programação militar 2024-2030, que prevê 413 mil milhões de euros em investimentos, preparando o exército francês para conflitos de alta intensidade. Mantém ainda relações estreitas com o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, outro sobrevivente político, embora seja criticado por faltar com frequência a reuniões multilaterais da União Europeia em Bruxelas. A sua postura revela uma certa distância em relação ao projeto europeu: é visto como defensor da soberania nacional francesa, crítico da Comissão Europeia e frequentemente evoca Charles de Gaulle como referência, citando também Pierre Messmer, ministro da Defesa no gaullismo clássico.

Independentemente de vir a ser nomeado primeiro-ministro, Sébastien Lecornu já consolidou parte do seu legado político: o de ser o rosto do rearmamento francês, símbolo de uma França que aposta numa defesa mais forte e autónoma. A sua combinação de lealdade a Macron, experiência governativa, raízes locais e pragmatismo político tornam-no uma das figuras de maior peso da nova geração na política francesa.