A tarefa é gigantesca, mas Theresa May, segunda mulher a assumir o poder após Margaret Thatcher, acabou por se destacar como a única capaz de gerar consenso, provocando tranquilidade graças à sua competência e seriedade.
Apesar de ser eurocética por convicção, no início do ano decidiu manter-se fiel ao primeiro-ministro David Cameron, que renunciou, e defender a permanência do país na União Europeia (UE).
Mas, se ela se limitou a advogar pela causa o mínimo necessário, continuou, por outro lado, a insistir sobre a necessidade de reduzir a imigração, um tema caro aos que defendem a saída do país do bloco dos 28, tornando-se alguém bem vista para ambos os grupos.
Theresa May, casada e com 59 anos, está na ala mais à direita do Partido Conservador. No entanto, durante a campanha para o referendo abordou alguns temas sociais, tentando conquistar os eleitores e também romper com a imagem de frieza.
No ministério do Interior, que que liderava desde 2010, adotou uma linha muito firme em temas como a delinquência, imigração ilegal ou pregadores islâmicos.
May não escapa às comparações com sua ilustre antecessora "Maggie" Thatcher, igualmente eurocética, competente, séria, com uma vontade de ferro. O tabloide The Sun a apelidou de "Maggie May".
Mas ela parece mais próxima de uma Angela Merkel, a chanceler alemã, com quem compartilha o fato de ser filha de um reverendo, conservadora, pragmática, aberta ao compromisso, casada há muitos anos e sem filhos.
'Uma mulher difícil’
"Theresa é uma mulher muito difícil", comentou recentemente o ex-ministro Kenneth Clarke, deputado conservador. "O próximo a perceber isso será Jean-Claude Juncker", respondeu com humor, em referência às negociações de saída da União Europeia com o presidente da Comissão Europeia.
Filha de um pastor anglicano, Theresa Brasier nasceu em 1º de outubro de 1956 em Eastbourne, cidade costeira do sudeste da Inglaterra. Depois de estudar na Universidade de Oxford, onde conheceu o marido, Philip, teve uma breve passagem pelo Banco da Inglaterra e iniciou sua carreira política em 1986, quando foi eleita vereadora do distrito londrino de Merton.
Após duas derrotas em eleições legislativas, foi eleita em 1997 deputada conservadora pelo próspero distrito de Maidenhead, em Berkshire (sul da Inglaterra).
De 2002 a 2003 foi a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária-geral do partido conservador.
De 1999 a 2010 ocupou diversos cargos no gabinete de porta-vozes conservador, quando o partido esteve na oposição.
Com a eleição de Cameron para primeiro-ministro em 2010, foi designada ministra do Interior, cargo que ocupou por seis anos.
Sóbria e discreta, diz que prefere evitar programas de televisão, almoços e fofocas nos bares do Parlamento.
"Ela tem uma incrível capacidade de trabalho e é muito exigente", diz um dos seus colegas, sob condição de anonimato. "Ela odeia o risco e é alguém de confiança", acrescenta.
Cidadãos entrevistados pela AFP foram unânimes nos elogios: "calma", "trabalhadora", "reservada, mas muito acessível"... "Lembra Margaret Thatcher de certa forma, com uma determinação muito forte, ela sabe o que quer", afirma Christine Mason, proprietária de um pub em Maidenhead.
No entanto, fica a dever um pouco em termos de calor humano e em comunicação, algo que se compromete a corrigir: entregou recentemente à imprensa uma série de fotografias pessoais.
Theresa May diz que gosta de caminhar e cozinhar - e afirma ter mais de cem livros de receitas. E a forma clássica como se veste é “temperada” por sapatos extravagantes, o que é já sua marca registrada.
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