Jerónimo de Sousa, após uma homenagem ao Nobel da Literatura José Saramago, em Lisboa, sublinhou que o importante são as políticas do Governo, recusando "individualizar responsabilidades", à exceção do primeiro-ministro, "que tem o poder constitucional" de mexer nos membros do executivo, os quais "não trabalham por conta própria".
"Tanto o momento como a opção cabem ao primeiro-ministro. No caso da remodelação, no seguimento da demissão do ministro da Defesa, seguem-se substituições na área da Economia, Cultura e Saúde. Independentemente do perfil pessoal de qualquer ministro, o PCP tem sempre uma preocupação: saber que política esse Governo remodelado vai realizar porque não acreditamos que se trabalhe à peça", afirmou.
O secretário-geral do PCP esclareceu que a alteração do Governo "nunca foi referida" durante as recentes reuniões entre comunistas e membros do executivo sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), aprovada no sábado em Conselho de Ministros extraordinário.
"Não me compete a mim fazer o juízo de valor. O responsável principal com certeza que tem os fundamentos necessários para decidir do momento, desta forma. É o primeiro-ministro, é um direito que tem. Tem esta responsabilidade, mas eu não vou fazer julgamentos do tempo. É uma decisão de António Costa", disse Jerónimo de Sousa relativamente ao ‘timing' da decisão e ao seu impacto no processo orçamental.
O líder comunista sublinhou que "a substituição deste ou daquele responsável por esta ou aquela pasta ministerial não altera a dinâmica e o sentido de discussão que vai haver na proposta de OE".
António Costa reformulou hoje o Governo, designadamente em quatro ministérios, com a substituição, na Defesa, de Azeredo Lopes por João Gomes Cravinho, e na Economia, de Manuel Caldeira Cabral por Pedro Siza Vieira.
O chefe do Governo propôs ainda as mudanças do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, substituído por Marta Temido, e do ministro da Cultura, pasta em que Graça Fonseca sucede a Luís Filipe Castro Mendes - nomeações já aceites pelo Presidente da República.
Em termos de orgânica, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, passa a ser ministro do Ambiente e da Transição Energética, com a inclusão da Secretaria de Estado da Energia na sua esfera de competências.
A Secretaria de Estado da Energia, desde a formação do atual Governo, esteve na área da Economia.
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