O programa “Somos Uma Só Família”, transmitido desde 2006 pela Radio Television Hong Kong (RTHK), financiada pelo governo, foi encerrado depois de Pequim ter esmagado o movimento pró-democracia e imposto a Lei de Segurança Nacional em 2020, que os opositores dizem ter silenciado as vozes dissidentes.
Um dos apresentadores do programa, Brian Leung, disse à AFP que estava “psicologicamente preparado” para a retirada do programa, mas sublinhou que não tinha recebido uma explicação satisfatória numa reunião com a direção da RTHK no início de julho.
“Para uma plataforma tradicional como a RTHK, este programa era mais ou menos como andar na corda bamba”, disse Brian Leung, numa entrevista algumas horas antes da emissão final.
Misturando debates, notícias e entrevistas com convidados, o programa, que passava durante duas horas todos os domingos à meia-noite, era uma das poucas plataformas de defesa dos direitos dos homossexuais em Hong Kong.
Um episódio sobre o ´bullying´ entre adolescentes em escolas secundárias ganhou um Prémio para os Direitos Humanos na Imprensa em 2010, enquanto outros episódios incluíram debates sobre a cultura ´drag´ e a discriminação contra pessoas transgénero.
A RTHK disse à AFP que muda de programação regularmente, e não comenta questões editoriais internas.
De acordo com uma sondagem realizada em 2023, 60% dos habitantes de Hong Kong, região administrativa especial chinesa vizinha de Macau, são a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, contra 38% uma década antes.
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