Segundo informação divulgada esta quarta-feira por aquela Organização Não Governamental anticorrupção, Portugal situa-se agora na 29.ª melhor posição no ‘ranking’, tendo porém, perdido um lugar em comparação com o ano passado, quando tinha alcançado 63 pontos.
Dinamarca e Nova Zelândia (90 pontos em 100) são os primeiros classificados do ‘ranking’, seguidos da Finlândia (89 pontos).
O ‘ranking’ global revela a ligação entre a corrupção sistémica e a desigualdade social e apresenta uma escala em que 100 significa “muito transparente” e 0 significa “muito corrupto”.
Numa leitura dos resultados, a direção da Transparência e Integridade, Associação Cívica (TIAC), representante em Portugal da TI, considera que “uma variação de um ponto em 100 não é estatisticamente significativa”, mas realça que este resultado revela que “Portugal está estagnado no combate à corrupção”.
Nos últimos cinco anos, observa a TIAC, o `score´ de Portugal não variou dos 62 ou 63 pontos e cada ano que passa “tem sido uma oportunidade perdida para fazer avanços no combate à corrupção e ganhar a confiança de observadores e investidores estrangeiros, tão necessária à nossa recuperação económica e desenvolvimento social”.
Na perspetiva da TIAC, sem esse progresso no combate à corrupção, Portugal continuará condenado “à anemia económica e incapaz de atrair verdadeiro investimento estrangeiro, que de facto crie emprego e riqueza e não se limite à especulação ou ao branqueamento (de capitais) facilitados por programas como os ‘vistos Gold’, que têm um impacto muito reduzido na criação de emprego, na inovação ou na criação de valor”.
“A estagnação de Portugal não pode satisfazer-nos, sobretudo sabendo quanto as perceções de corrupção influenciam a confiança operadores económicos e inibem o investimento”, reforçou a TIAC.
A Transparência e Integridade refere que, numa altura em que existe no parlamento português uma Comissão Eventual dedicada ao reforço da transparência na vida pública, Portugal precisa de aproveitar esta oportunidade para, “não só reforçar a regulação, mas sobretudo implementar mecanismos eficazes de monitorização e controlo que garantam a defesa intransigente do interesse comum nos negócios públicos”.
No entender da TIAC, de nada vale alterar as regras se depois Portugal não investir na sua “efetiva aplicação”.
O Índice de Perceções de Corrupção, publicado anualmente pela TI, é o principal indicador global sobre os níveis de corrupção no setor público de cada país, medidos a partir das perceções de especialistas externos e de organizações internacionais.
O pior classificado do ranking global continua a ser a Somália (10 pontos), antecedida do Sudão do Sul (11 pontos) e Coreia do Norte (12 pontos).
Segundo a TIAC, em termos globais, o Índice de Perceções de Corrupção de 2016 revela a ligação próxima entre corrupção sistémica e desigualdade social, sendo de assinalar que dos 176 países analisados, 69% estão abaixo dos 50 pontos.
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