Em 2012, a autarquia cedeu à Raríssimas um terreno em regime de direito de superfície, por 30 anos. O compromisso da associação era construir no prazo de cinco anos um lar residencial e um centro de atividades de apoio ocupacional, o que não foi cumprido.

"Infelizmente, o projeto não se concretizou" nos prazos definidos, mas a Câmara mantém a “disponibilidade para reavaliar" a situação, renovando o direito de superfície, “contando que haja um esclarecimento da situação que tem sido associada à Raríssimas e esta consiga encontrar interlocutores que a representem legitimamente", referiu a autarquia em resposta escrita a pedidos de informações da agência Lusa.

A câmara, refere o esclarecimento, “continua a considerar que o projeto é pertinente para a comunidade e para as famílias com deficientes a cargo".

O projeto da "Quinta dos Marcos", um espaço multifuncional com valências clínicas e sociais para dar resposta a necessidades identificadas na zona norte do país, chegou a ser lançado em 2015 e, de acordo com o avançado na altura, iria surgir na freguesia de Vila Nova da Telha, Maia, e representaria um investimento de 10 milhões de euros.

Nos esclarecimentos prestados à Lusa, a câmara liderada pelo social-democrata Silva Tiago garante que nunca deu qualquer tipo de subsídio à Raríssimas, associação envolvida em polémica depois de uma reportagem emitida pela TVI sobre a gestão liderada por Paula Brito e Costa, que entretanto abandonou o cargo.

Em entrevista posterior à RTP, Paula Brito e Costa acusou a ex-vice-presidente da delegação da Maia, Joaquina Teixeira, de ter desviado fundos da associação e praticado irregularidades financeiras no valor de 270 mil euros.

Paula Brito e Costa relatou que, mal teve conhecimento da situação, a denunciou ao presidente do conselho fiscal e depois à assembleia-geral, que autorizou uma auditoria da empresa PKF à Raríssimas Norte, ou seja, à delegação que tinha como ambição edificar a "Quinta dos Marcos" em Vila Nova de Telha.

A auditoria, que ficou concluída em maio deste ano, descobriu irregularidades financeiras de mais de 270 mil euros na delegação do Norte, que ditaram o afastamento de Joaquina Teixeira da instituição.

No sentido de apurar se o projeto "Quinta dos Marcos" estará em causa e qual o destino dado aos donativos entretanto angariados, a Lusa procurou obter um esclarecimento junto da delegação, mas até ao momento, quer via telefone, quer no local, não foi possível um contacto.

Também com Joaquina Teixeira não foi possível o contacto até ao momento.

Já fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou que corre no Ministério Público da Mai, uma investigação, sem arguidos constituídos, referente a este caso.

"O inquérito teve origem numa participação apresentada, em julho, pela Raríssimas, representada pela então presidente. Nessa participação são denunciados factos relacionados com a gestão da delegação da Maia daquela instituição", esclarece a PGR.