“Amanhã [quarta-feira] em Lisboa iremos também reunir-nos com o Governo da República, porque, como aqui foi visto, esta recuperação tem de ser feita de mãos dadas entre as diversas entidades - Governo da República, Governo Regional e Câmara Municipal do Funchal”, disse Paulo Cafôfo em conferência de imprensa.
“Não faz sentido estar de costas voltadas, termos de estar unidos e há aqui questões de articulação que têm de ser feitas, olhos dos olhos, entre os três”, acrescentou.
Está prevista para quarta-feira, em Lisboa, uma reunião com representantes dos executivos nacional e regional.
Paulo Cafôfo (eleito pela coligação PS/BE/PTP/MPT/PAN) sublinhou que “a câmara vai ter uma participação ativa na recuperação da cidade”. O executivo “tratou do realojamento” e o município vai “fazer a reconstrução das habitações”, insistiu.
“É este acerto, esta articulação que tem de ser feita porque não podemos de maneira nenhuma estar nesta fase - porque as pessoas não compreenderiam - com guerras de capelinhas”, declarou.
Segundo Paulo Cafôfo, é necessária “uma união entre todos”, porque “todos os esforços são poucos para conseguir recuperar a cidade do Funchal”, só “fazendo sentido o Governo da República, o Governo Regional e a Câmara unidos com o mesmo objetivo”.
Falando sobre as intervenções que estão a ser efetuadas, o autarca anunciou que ficará hoje concluído um relatório sobre a situação dos taludes da cidade e na quarta-feira haverá outro sobre o edificado afetado pelos incêndios.
Sobre a situação dos taludes, a primeira fase passa pela limpeza da parte vegetal e rochosa.
“A seguir vamos já pensar no inverno e naquelas que forem as zonas e áreas de taludes que ponham em perigo caminhos, estradas e também habitações. Vamos ter planos de evacuação ou condicionamentos de trânsito”, anunciou, indicando que, “quando começar a chover, se aquela zona oferecer perigo, as pessoas serão imediatamente retiradas”.
“Não vamos esperar que aconteça alguma desgraça”, vincou, apontando que para os taludes que precisarem de consolidação serão necessárias mais verbas.
A câmara também já está a planear o futuro da cidade, tendo sido criados dois grupos de estudos, um deles para o Parque Ecológico do Funchal, que foi mais uma vez afetado pelos incêndios e precisa ser reflorestado, “havendo aspetos a ser revistos do pronto de vista da prevenção”.
O outro grupo é para a reabilitação urbana, porque existem muitos edifícios devolutos e esta é uma oportunidade para “inverter esta degradação do centro do Funchal”.
Foram, por isso, criados quatro programas.
Nesse âmbito, a câmara vai, por exemplo, “substituir-se aos privados, adquirindo prédios, recuperando-os e, depois, ou vendendo-os ou dando a conceção para exploração, seja exploração comercial, hoteleira, seja até arrendamento”, perspetivou.
O autarca concluiu que esta é a “altura de inverter e de aproveitar aquilo que foi uma calamidade para não se cometer erros no passado”.
O governante entende que há que “minimizar a vulnerabilidade” do Funchal, mas recusou fazer o que denominou de “discurso de culpabilização do passado”.
O fogo que deflagrou no dia 08 no concelho do Funchal e que acabou por se alastrar a outros municípios durou quase uma semana, tendo feito três mortos, pelo menos 55 milhões de euros em prejuízo no edificado e centenas de desalojados.
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