“Nestes últimos 18 meses recuperámos 11 carruagens convencionais, três locomotivas ‘diesel’, sete locomotivas elétricas e cinco unidades múltiplas elétricas quádruplas. O investimento na recuperação deste material circulante foi de cerca de 6,5 milhões de euros e, se estes veículos fossem comprados novos hoje pela CP, mesmo levando em consideração a sua antiguidade e o facto de já não serem o estado da arte em termos de tecnologia, custariam mesmo assim entre 70 a 80 milhões”, disse Nuno Freitas durante a conferência ‘online’ “Portugal Railway Summit 2021”.

“Portanto por bastante menos de 10% do investimento em material circulante novo, nós conseguimos recuperar muitos veículos para o serviço”, acrescentou.

Defendendo que “os comboios são como os aviões”, o presidente da CP afirmou que “não há comboios velhos”, mas sim “comboios bem mantidos e mal mantidos”.

“E, se o comboio for bem mantido, é capaz de cumprir a sua função por muitos anos”, assegurou.

Na sua intervenção na conferência, Nuno Freitas apontou a denominada "bazuca europeia” como uma “grande oportunidade” para Portugal apostar na indústria ferroviária e construir no país as “mais de mil carruagens” de que precisará apenas para renovar a atual frota nas próximas duas décadas.

“A CP vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para trazer uma infraestrutura industrial ferroviária para Portugal”, assegurou.

Segundo o presidente da CP, o investimento de cerca de um milhão de euros feito no início de 2020 pela empresa na abertura das oficinas de Guifões, em Matosinhos, para aumentar a capacidade interna de manutenção do material circulante, deu-lhe já “uma autonomia e um poder de decisão completamente diferentes”, tendo a fusão da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) na CP sido “outro passo importante”.

“Esta necessidade de os operadores que estão no longo prazo dominarem a manutenção do seu material circulante é absolutamente fundamental. É assim por toda a Europa e não vale a pena irmos mais longe, basta olharmos para um operador que existe em Portugal, como a Fertagus, que é um operador privado e que domina a manutenção do seu material circulante. É uma empresa que está no longo prazo e nenhum de nós tem dúvidas da racionalidade económica que os privados põem nestes assuntos”, sustentou.