A informação é adiantada pelo Jornal de Notícias, que afirma tratar-se de uma das linhas de investigação mais credíveis neste momento.
Abdul Bashir, refugiado afegão de 34 anos, terá recebido a notícia esta terça-feira enquanto se encontrava no Centro Ismaili, em Lisboa, de que não poderia viajar para Zurique, apesar de já ter a viagem planeada, por ter-lhe sido recusado um documento para se deslocar com os três filhos.
Já tinha sido adiantado que esse telefonema, recebido momentos antes do ataque, estava a ser investigado como possível causa. Perante a má notícia, Abdul Bashir terá ficado transtornado, retirando uma faca da sua mochila e atacando um professor — ferindo-o sem gravidade — e duas trabalhadoras do centro, que acabaram por morrer.
As duas vítimas, Farana Sadrudin, de 49 anos, e Mariana Jadaugy, de 24 anos, ambas portuguesas de ascendência indiana, ajudavam a acolher refugiados e conheciam Bashir. O JN adianta que o atacante chegou mesmo a tentar ter uma relação amorosa com Jadaugy, que tê-lo-á rejeitado.
Esta linha de investigação parece reforçar a convicção da Polícia Judiciária de que este foi um crime sem motivações terroristas. O diretor nacional da PJ afirmou esta quarta-feira que “não há um único indício” de que o ataque tenha sido um ato terrorista, admitindo ter resultado de “um surto psicótico do agressor”.
O agressor não deverá ter alta hospitalar antes de um período de 10 dias e só então haverá condições para ser submetido a interrogatório pelo juiz de instrução, acrescentou ainda o diretor nacional da PJ.
Os três filhos do agressor estão ao cuidado de uma instituição e mantêm as suas rotinas escolares, tendo o seu processo sido remetido ao Ministério Público pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Odivelas.
O homicida agora detido é beneficiário do estatuto de proteção internacional e não era alvo de “qualquer sinalização” pelas autoridades.
A família de Abdul Bashir chegou a Portugal vinda da Grécia no final de 2021 com os três filhos, viviam em Odivelas e recebiam apoio e formação no Centro Ismaili. O homem já tinha tentado viajar para a Alemanha, vendo-lhe recusada a entrada por ter sido Portugal o seu país original de acolhimento.
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