“A difusão de conteúdos relacionados com o inquérito é prejudicial na medida em que expõe dados pessoais de testemunhas e impede o avanço das investigações”, argumentou o juiz Gustavo Gomes Kalil no despacho judicial, publicado no sábado no site do jornal O Globo, que integra a cadeia de informação.

A decisão fora solicitada pela polícia e pelo Ministério Público do Rio, que está encarregado da investigação.

A TV Globo, que teve acesso a excertos dos relatórios da investigação na semana passada, disse que já havia transmitido dois tópicos, mas que evitara “mostrar elementos que poderiam representar um risco para as testemunhas e para a investigação”, cumprindo os seus objetivos editoriais.

O canal acrescentou que respeitará a decisão do juiz, mas tentará anulá-lo no recurso, considerando que “viola seriamente a liberdade de imprensa e o direito da população à informação, especialmente para um caso que desperta grande interesse no Brasil e no exterior”.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condenou o que descreve como “censura”, afirmando que “viola o direito de livre circulação de informações de interesse público”.

Marielle Franco, uma vereadora nascida numa favela no Rio e muito comprometida com os direitos LGBT, contra o racismo e a violência policial, foi baleada no carro em 14 de março. O seu motorista Anderson Gomes também foi morto.

Desde então, alguns suspeitos foram detidos, mas a investigação ainda não mostrou progressos significativos.

O governo brasileiro lançou a 01 de novembro uma investigação sobre “a existência de uma organização criminosa que envolve funcionários de várias organizações, milícias e grupos criminosos”, que alegadamente terão perpetrado o duplo homicídio.

O Rio de Janeiro tem sido confrontado nos últimos vinte anos com o fenómeno de milícias, grupos de agentes ou ex-agentes de segurança que dominam as favelas.

Esses esquadrões, que enfrentam traficantes de drogas pelo controle desses bairros, são acusados de estarem envolvidos em crimes de extorsão e, alegadamente, terão conseguido controlar serviços como fornecimento de gás, internet, televisão, redes de televisão por cabo ou locais.

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