No dia de hoje existiram dois casos relacionados com a saúde no país em destaque: em Torres Vedras, uma criança foi encaminhada para uma urgência que estava fechada e vários outros utentes em Loures estiveram uma hora a ligar para a linha SNS24 durante a manhã, sem sucesso.
O que se sabe sobre o caso da criança?
Segundo a SIC Notícias, uma criança de cinco anos do Ameal, no concelho de Torres Vedras, foi encaminhada para o serviço de urgências pediátricas do Hospital de Torres Vedras, que a mãe tinha visto na página da ULS Oeste que estava encerrado.
Da linha, que segundo a mãe da criança demorou hora e meia a atender, insistiram que as urgências pediátricas estavam abertas e que levasse o filho o quanto antes para ser observado.
A mãe da criança decidiu então procurar assistência noutro hospital, sendo que o mais próximo era o das Caldas da Rainha, a 40 quilómetros de casa, e quando a criança foi finalmente observada, a pediatra confirmou que as dores eram provocadas por uma otite e uma inflamação na garganta.
O que diz o Ministério da Saúde?
A ministra da Saúde disse hoje que está em curso uma auditoria interna para aferir o que correu mal em situações em que a linha SNS24 demora a atender ou faz o encaminhamento errado dos utentes.
“Tenho conhecimento de que esse caso aconteceu. Já falei com a senhora presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que imediatamente acionou uma auditoria interna para saber exatamente o que se passou”, referiu, adiantando que “dentro de poucas horas, amanhã o mais tardar”, já se saberá “exatamente o que aconteceu”.
Ana Paula Martins admitiu contudo que terá havido uma falha de comunicação entre o hospital e a linha SNS24.
“Parece ter havido de facto uma falha de comunicação entre o hospital e a linha, ou seja, quem está na linha a atender e a fazer a triagem tem que saber que aquele hospital já não está a conseguir receber doentes pediátricos, ou emergentes", explicou.
A ministra admitiu ainda que poderá ter havido outro caso semelhante pelo que assegura que é importante perceber onde houve falhas para que sejam corrigidas.
A ministra da Saúde disse ainda que apesar destes casos “quer deixar uma palavra de confiança” no sistema.
“São milhares e milhares de chamadas e portanto estas situações têm que ser reparadas, mas gostava muito de transmitir à população que não perca, de maneira nenhuma, a confiança no SNS24, porque ele, maioritariamente, está a funcionar muito bem”, disse adiantando que nesta altura existe uma sobrecarga da linha destacando ainda o facto de estarem em curso no país 20 projetos da medida “Ligue Antes, Salve Vidas”.
Quantas chamadas tem atendido a linha SNS24?
Segundo dados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), hoje divulgados, a linha SNS 24 atendeu este ano mais de 3,4 milhões de chamadas, quase o dobro comparativamente ao mesmo período de 2023, sendo dezembro o mês com maior número de atendimentos.
Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, gestor da linha SNS 24, atribuem este “resultado histórico” de chamadas atendidas este ano, mais 87% face ao mesmo período de 2023, à “expansão de serviços” resultantes de iniciativas como o projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”.
De acordo com os dados, em dezembro, até ao dia de Natal, o serviço atendeu mais de 390 mil chamadas, tendo ultrapassado o valor de novembro (388 mil). O recorde do ano foi atingido a 16 de dezembro, com 21.187 chamadas atendidas, “uma evolução que vai ao encontro do que tem sido o padrão de incidência das doenças respiratórias”.
“O tempo médio de espera para este ano situa-se aproximadamente em um minuto e 48 segundos, pouco acima dos 57 segundos de 2023, apesar de o número de chamadas quase ter duplicado”, referem os SPMS.
Em que consiste exatamente o projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”?
O projeto “Ligue Antes, Salve Vidas” visa retirar doentes das urgências hospitalares e já funciona em mais de 20 Unidades Locais de Saúde (ULS) do país.
Segundo a Direção Executiva do SNS (DE-SNS), até final de fevereiro de 2025, está previsto que o projeto arranque em mais oito unidades locais de saúde, representando 85% do total de ULS (39 no país).
Cerca de 350 mil doentes foram retirados das urgências hospitalares desde que o projeto se iniciou, em maio de 2023, de acordo com os dados da DE-SNS.
Dos cerca de 670 mil contactos dos doentes com o SNS24 realizados entre maio de 2023 e a passada segunda-feira, mais de 280 mil foram referenciados para os cuidados de saúde primários e cerca de 70 mil ficaram em autocuidados, totalizando cerca de 350 mil doentes.
*Com Lusa
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