“A perceção que temos é que na segunda-feira nem todos os alunos vão comparecer. Há pais que preferem esperar para confirmar que está tudo bem. Por isso, alguns só virão na terça-feira e outros só deverão começar a vir à escola na quarta”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima.
Depois de dois meses confinados em casa devido à pandemia de covid-19, "algumas famílias continuam receosas e precisam ganhar confiança para mandar os filhos para a escola", alertou, por sua vez, o presidente da Confederação das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção.
“Todos sabemos que nunca há risco zero, mesmo estando em casa”, assinalou Jorge Ascenção, notando ser “muito difícil desconstruir a ideia de pânico”, pois “se há famílias mais otimistas, há outras que são mais pessimistas e temem o regresso”.
Reconhecendo que “agora é preciso ganhar a confiança dos pais”, Filinto Lima garantiu que as escolas estão preparadas para receber os alunos.
A ideia foi corroborada pelo presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira: “Genericamente, está tudo preparado. Pode haver casos pontuais de problemas em escolas que são muito grandes ou que estão em obras. Mas neste momento as escolas têm os recursos disponíveis para poder reabrir na segunda-feira”.
Diretores, professores e funcionários têm trabalhado para o regresso às aulas presenciais dos alunos do 11.º e 12.º anos, assim como para os alunos do 2.º e 3.º anos dos cursos de dupla certificação do secundário.
As orientações emitidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) estão a ser postas em prática nas cerca de 500 escolas que, no início desta semana, começaram também a receber o material de higienização e de proteção individual.
“O material está a chegar às escolas e, certamente, este não será um problema”, sublinhou Manuel Pereira, em declarações à Lusa.
Os horários dos professores e a composição das turmas já estão desenhados para que as aulas presenciais possam recomeçar cumprindo as regras de distanciamento.
Há casos em que as turmas vão passar a ter aulas em espaços maiores, como pavilhões polidesportivos ou anfiteatros, e outros em que as turmas foram desdobradas em dois grupos para que os alunos não estejam muito próximos, acrescentou Filinto Lima.
O Ministério da Educação autorizou as escolas a contratar mais docentes em caso de necessidade, mas Filinto Lima lembrou que as escolas começam sempre por “recorrer à prata da casa”, podendo aumentar a componente letiva dos professores ou pagar horas extraordinárias.
“Conforme as famílias se vão apercebendo que está tudo a correr bem e que as regras (da DGS) estão a ser cumpridas, vão deixar vir os filhos”, afiançou Filinto Lima.
Neste regresso, o responsável da Confap, Jorge Ascenção, referiu que toda a comunidade escolar tem de ser responsável por cumprir as regras: “Neste momento vamos voltar a ter liberdade condicional, se não correr bem, voltamos para a ‘prisão’”.
Portugal está desde 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Até ao momento, a DGS contabilizou 1.175 mortos associados à covid-19 em 28.132 casos confirmados de infeção.
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